Apesar de a flexibilização do comércio já estar sendo estudada em muitas cidades, é fato que a pandemia continuará afetando os negócios de muitos setores do franchising.
Redes de alimentação, varejo, serviços e outros segmentos foram bastante impactadas pelas medidas de isolamento social e tiveram que usar de muita criatividade para ajudar seus franqueados a continuar faturando.
E uma das opções adotadas tem sido criar formas de vender que sejam viáveis para os franqueados e atendem às medidas de segurança e higiene necessárias para reduzir o avanço do coronavírus.
Vendas baseadas em relacionamento
Boa parte das franquias que fecharam suas unidades físicas estão recorrendo à internet e ao telefone para continuar faturando.
E muitas estão baseando as estratégias em relacionamento: os franqueados e suas equipes usam ferramentas como o WhatsApp, redes sociais e ligações para manter o contato com o consumidor, levar conteúdo relevante e fazer as vendas.
A Espaçolaser é uma das redes que adotou essa dinâmica e está tendo bons resultados: em abril, o faturamento da rede ficou entre 35% a 40% de um mês normal apenas com vendas telefônicas.
“Nosso time está 100% focado em vendas online e os resultados são altamente positivos. Mais do que oferecer um serviço, nossos consultores comerciais procuram estreitar relacionamentos sólidos e confiantes, ainda mais em tempos tão duvidosos”, revela Paulo Morais, Co-CEO da Espaçolaser.
E-commerce
As lojas virtuais são plataformas poderosas e, diante da pandemia, se tornaram fundamentais para algumas redes de franquias.
A Nutty Bavarian, especialista em nuts glaceadas, tinha reaberto seu e-commerce pouco antes da quarentena ser decretada, e as vendas digitais tem sido importantes para reduzir o impacto da crise.
No franchising, o principal modelo de atuação da Nutty Bavarian são os quiosques em shoppings e outras áreas de grande circulação. Com esses espaços fechados, a companhia investiu no e-commerce e criou links para que seus franqueados divulgassem de forma individualizada. Cada venda computada através do link gera uma comissão para o parceiro.
“Podemos dizer que a pandemia nos forçou a procurar novas estratégias para o negócio. Tivemos que nos reinventar”, comenta Adriana Auriemo, sócia-fundadora da Nutty Bavarian no Brasil.
Venda direta
Algumas redes precisaram não só criar canais de vendas diferentes, mas também apresentar novos modelos de negócio.
Esse foi o caso da Mardelle, franquia especializada em moda íntima. Em março, no início da quarentena, a companhia foi uma das primeiras a anunciar o lançamento de um formato de franquia home based.
Parte do Grupo Encontre Sua Franquia, que conta com outras operações home office no portfólio, a Mardelle apostou no modelo de delivery, que é uma tendência para o pós-coronavírus.
Neste formato, o franqueado pode gerenciar e divulgar o trabalho pela internet e leva as peças para a casa do consumidor para vender.
Além de ser uma opção interessante para que o cliente possa conhecer os produtos sem sair de casa, a operação home office tem investimento inicial reduzida e permite e gestão digital – dois atributos que devem ser muito buscados pelos investidores daqui em diante.
Produção e revenda diversificada
Com lojas fechadas, as franqueadoras também precisam encontrar ou reforçar outros canais de vendas.
A Nutty Bavarian já tinha parcerias com supermercados e conveniências que revendem seus produtos (e que continuaram operando durante a quarentena), mas também precisou fazer algumas alterações.
Além de conquistar novos pontos de vendas e redes de supermercados, a marca diversificou a dinâmica da produção.
Adriana Auriemo explicou o processo: “Fizemos um manual de como o franqueado pode produzir as castanhas em sua própria casa. Não é algo simples, porque a panela que usamos necessita de uma força elétrica específica, que nem toda residência comporta, então montamos esse documento e compartilhamos com a rede”.
Produzindo as nuts em casa, os franqueados podem fazer as vendas por meio de delivery, que tem sido outra frente de vendas importante para a rede.
Os caminhos inovadores demonstram a capacidade que as franquias brasileiras têm de se reinventar. E esse, certamente, é um dos atributos que fará o franchising superar esse momento de crise.