Os desdobramentos do avanço do Coronavírus (CODVID-19) no país já estão sendo sentidos por redes de franquias de todos os portes e seguimentos.
Apesar de não ser simples criar novas estratégias e definir ações em um cenário em que novas orientações e medidas são anunciadas a cada dia, cabe aos franqueadores ajudar seus franqueados a lidar com a crise da melhor forma possível e minimizar os prejuízos que o Coronavírus ainda deve gerar na economia brasileira.
Desde que foi considerada pandemia pela Organização Mundial de Saúde (OMS), muitas redes e instituições do franchising já se posicionaram, anunciando o que estão fazendo para conter a disseminação do vírus e quais as recomendações para o setor.
Natal Baril, sócio-fundador da Baril Advogados Associados, produziu um documento com uma série de diretrizes que as franqueadoras podem considerar para auxiliar suas franquias a enfrentar esse período de pandemia.
Revisão contratual
O primeiro ponto abordado por Baril é que as franqueadoras revejam, rapidamente, as condições e obrigações contratuais que serão impactadas pelo agravamento do COVID-19 no país.
Considerando os efeitos que a crise pode gerar, é importante que as franqueadoras estejam preparadas para ajustar ou suprimir cláusulas contratuais por força maior da pandemia.
Nesse caso, e importante que comuniquem seus franqueados e sejam plenamente transparentes com eles sobre as alterações que podem ser feitas e os motivos pelos quais os contratos estão sendo revistos.
Prorrogação de cobranças
É sabido que o Coronavírus não terá apenas um impacto na saúde pública brasileira, mas também deve abalar severamente a economia do país, incluindo o desempenho das franquias.
Com os governantes pedindo que os brasileiros pratiquem o isolamento social, deve haver menos pessoas nas ruas e, com isso, é natural que o faturamento das franquias seja reduzido, principalmente daquelas que atuam no varejo e no setor alimentício.
Para amparar os franqueados, as franqueadoras podem cogitar prorrogar ou suspender a cobrança de royalties, fundo de propaganda e outros pagamentos devidos. Baril orienta que todas as isenções ou adiamentos sejam devidamente registradas, para evitar problemas jurídicos no futuro.
Renegociação com fornecedores
Outra forma de ajudar financeiramente os franqueados é negociar com fornecedores e parceiros melhores condições de compra e pagamento.
Isso é benéfico tanto para sua rede de franquias – que vai conseguir circunstâncias mais favoráveis para continuar vendendo – quanto para os fornecedores e parceiros, que também podem sofrer com os resultados da pandemia.
“Os franqueadores, face à crise, podem e devem negociar e pleitear junto aos demais
fornecedores homologados de produtos e serviços envolvidos nas operações das suas redes de franquias, a adoção temporária de condições excepcionais em relação às obrigações financeiras de toda a rede”, comenta o advogado.
Redesenho de compras e formação de estoques
A queda nas vendas também deve ser motivo para que os franqueadores revisem seus planos de compra e de formação de estoques.
Suspender pedidos feitos, aceitar devolução de mercadorias ou criar planos para liquidar os produtos que possam acabar perecendo no estoque são algumas das medidas que as redes de franquias podem adotar para evitar perdas mais significativas. A venda em consignação também pode ser uma estratégia a se considerar.
Auxílio financeiro direto
As companhias também devem estar preparadas para a necessidade de aplicar dinheiro diretamente nas unidades.
Pensando em cenários mais drásticos, em que a crise se alastre por meses e a recuperação demore a acontecer, pode ser mais econômico investir capital nas unidades do que permitir que elas entrem em colapso e baixem as portas. Obviamente, essa tática deve ser estudada com cuidado e avaliada individualmente.
Algumas formas de aplicar dinheiro é através da antecipação de recebíveis, assumindo responsabilidades financeiras do franqueado (como aluguéis, por exemplo) ou fazendo um empréstimo direto.
Baril frisa a necessidade de formalizar qualquer tipo de aplicação financeira e de deixar claro, inclusive, de que forma a franquia vai reembolsar a marca.
Incentivo às compras online
Uma das formas mais eficientes de lidar com a crise do COVID-19 sem prejudicar tanto a performance das unidades é incentivar as compras pela internet. Essa é uma maneira de reduzir o contato humano e respeitar as condições de isolamento social exigidas pela situação, mas continuar prestando serviço ao consumidor e faturando.
E-commerce, vendas por aplicativos e delivery, por exemplo são ótimas formas de garantir ao público a entrega dos produtos e serviços que eles querem continuar adquirindo, mas de uma forma que garanta a saúde e a segurança de todos.
Proteção dos trabalhadores
Quando houver a impossibilidade de continuar o trabalho de forma remota ou a receita da franquia não for suficiente para manter o quadro de funcionários anterior à crise do Corona, pode ser necessário reduzir as despesas com mão de obra.
Baril alerta, porém, que os franqueadores e franqueados devem tomar atitudes ponderadas, que sejam focadas na sustentabilidade da companhia, mas também respeitem os direitos trabalhistas e a saúde de seus colaboradores.
As férias coletivas, a redução na jornada de trabalho (atrelada a uma diminuição do salário do colaborador) e revesamento de equipes em horários alternativos são exemplos de formas de evitar a suspensão do contrato de trabalho, preservando funcionário e companhia.