Franquias de alimentação: delivery é alternativa para reduzir efeitos da crise

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franquias de alimentacao delivery
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O mercado de alimentação foi um dos primeiros a ser impactado pelas medidas de isolamento adotadas para conter o avanço do coronavírus.

Além de haver um volume muito menor de consumidores nas ruas, alguns estados decretaram que restaurantes, lanchonetes e outros estabelecimento do setor estão proibidos de atender em seus salões.

Nesse cenário, muitas franquias de alimentação têm recorrido ao sistema “grab and go”, em que o cliente retira o pedido no local e consome em casa, e, principalmente, ao delivery.

Entre redes que já contavam com o serviço e outras que só agora estão aderindo ao modelo de entrega, todas têm encontrado no delivery uma oportunidade de continuar atendendo o consumidor e faturando, mesmo durante a pandemia.

Conversamos com algumas das franquias de alimentação que estão implementaram ou fortaleceram suas estratégias de delivery para entender como elas estão administrando as entregas, qual o impacto desses pedidos e quais são suas dicas para as redes que pensam em adotar esse formato.

O delivery antes e depois da pandemia

Várias das redes de franquias entrevistadas identificaram aumento das vendas por delivery depois que a crise do coronavírus começou a se agravar.

A Mr. Fit, rede de alimentação saudável, já identificou um aumento de 20% e estima um crescimento de mais 40% nos pedidos de delivery nas próximas semanas. Já na Pizza Prime, de acordo com Gabriel Concon, sócio-diretor da companhia, o avanço foi de 25%.

Percebendo que o serviço de entregas faria a diferença nesse momento, os franqueados também têm aderido ao sistema de delivery.

Bruno Gorodicht, diretor comercial do Espetto Carioca, conta que 50% das unidades atendiam delivery. Agora, a rede está trabalhando para que todas as lojas façam entregas.

“O delivery será com certeza um forte aliado não só neste momento, mas futuramente também” – Daniel Ramos, Casa de Bolos

A implementação e fortalecimento do delivery nas franquias

No caso de redes como a Pizza Prime e a Mr. Fit, mesmo com o aumento significativo, o delivery já era um dos pilares dos negócios. Mas outras redes que não tinham as entregas como canais principais tiveram que fazer ajustes para lidar com a crise.

Aplicativos e canais de contato

Daniel Ramos, diretor de administrativo da Casa de Bolos, contou que já havia um aplicativo próprio em teste que seria implantado em breve, mas foi necessário antecipar o lançamento por conta do COVID-19.

“Optamos por lançar de forma nacional a partir do dia 01 de abril. Enquanto isso, as mais de 370 lojas da rede estão realizando as entregas dos pedidos que são feitos através do telefone de cada unidade”, explica Daniel.

Além dos apps, as redes de franquias também estão usando outros canais para receber e distribuir os pedidos.

Edmar Mothé, CEO da Bio Mundo, rede que comercializa produtos naturais, explica como a empresa tem atuado: “montamos uma estrutura nacional de delivery, na qual a franqueadora recebe pedidos em território nacional via Whatsapp e direciona para a loja mais próxima do consumidor”.

Produtos e embalagens

A Slice Cream, franquia de sorvetes, que não atuava com delivery, também precisou tomar ações e fazer investimentos rápidos para poder vender online.

Eduardo Schlieper, CEO e fundador da Slice Cream, conta que o o fechamento dos shoppings, decretado em várias cidades brasileiras nas últimas semanas, levou a marca a fazer um investimento de R$ 50 mil em novas embalagens e em uma nova linha de gelatos para o delivery.

“O fechamento dos shoppings afetou diretamente o nosso faturamento, exigindo do franqueado um maior fluxo de caixa e uma busca por canais distribuição alternativos como o marketplace e delivery”, confirma. “Diante deste cenário, surgiu a ideia de criar um novo produto desenhado para estas plataformas a partir da necessidade de se adaptar a este novo cenário em que estamos vivendo”. 

A Casa de Bolos também criou uma embalagem de isopor que evita que integridade dos produtos sejam prejudicadas durante o transporte até a casa do cliente.

Marketing e divulgação

De nada adianta ter ótimos canais para receber pedidos online e por telefone, se o consumidor não souber que eles existem. Isso é fundamental, principalmente, para as franquias que obtém a maior parte de suas receitas nas unidades físicas.

Pensando nisso, divulgar a possibilidade de o consumidor receber as refeições e produtos em casa também tem sido uma preocupação das franquias de alimentação. Canais como redes sociais, YouTube e televisão estão sendo fundamentais para incentivar os clientes a continuar em casa, sem deixar de consumir.

Mothé, conta como como está sendo esse processo na Bio Mundo: “Estamos trabalhando fortemente nossa comunicação para que chegue aos nossos consumidores a informação do novo canal de vendas. Precisamos continuar atingindo todos os públicos que dependem muito de nossos produtos”.

Protocolos de higiene

As franquias de alimentação sabem que, especialmente para o setor, atender os protocolos de higiene é fundamental. Porém o coronavírus tornou as atividades de limpeza ainda mais importantes.

“Seguindo as orientações da OMS, os colaboradores das franquias que estão atuando nas entregas dos produtos têm trabalhado de máscara, além de separarem cada pedido utilizando luvas, com o intuito de diminuir os riscos de contaminação entre si, mas também entre os clientes que receberão os produtos em suas casas”, revela Diego Schiano,  diretor da Havanna no Brasil.

Outro ajuste feito pela Havanna foi a higienização das embalagens que, antes de sair para entrega, passam por uma limpeza com álcool.

Suporte aos franqueados

Naturalmente, uma fase de crise e incertezas gera ansiedade e receio nos franqueados. E o papel da franqueadora também é dar suporte e orientá-los nesse momento, tanto no que diz respeito à gestão do negócio, quanto na forma de atuar com delivery.

A maioria das redes afirma que não obriga as unidades a aderirem às entregas, mas têm indicado aos franqueados que essa é uma alternativa eficiente.

“Preparamos uma cartilha bem detalhada, temos vídeos de treinamento e trocamos áudios orientativos. Além disso, nossos consultores estão acompanhando e direcionando os franqueados”, diz Gorodicht.

Camila Miglorini, CEO e fundadora da Mr. Fit, contou que além de ajustar valores e ajudar os franqueados nas negociações, está fazendo lives semanais para orientá-los com questões jurídicas, trabalhistas e até disponibilizando atendimento terapêutico para aqueles que estejam com dificuldades psicológicas de lidar com as dificuldades geradas pelo coronavírus.

A Mr. Fit também está apostando em campanhas para que os funcionários não trabalhem com medo das consequências da crise, como o desemprego.

“Neste momento de crise é importante estarmos juntos aos nossos franqueados para entendermos o melhor caminho a ser traçado” – Eduardo Schlieper, Slice Cream

Só o delivery basta?

Apesar de ser uma ótima estratégia em um momento como este, será que, operando apenas com o sistema de entregas as franquias de alimentação conseguem estabilizar o faturamento? As visões dos executivos divergem.

Camila Miglorini, da Mr. Fit, acredita que só o delivery não é suficiente para evitar o prejuízo das franquias.

“Além do delivery, estamos diminuindo os custos operacionais, como negociação com as imobiliárias e shoppings na questão do aluguel, isenção dos royalties, negociamos taxas de cartões e taxas cobradas pelos aplicativos de entregas entre outras ações. Depois de tudo isso feito aí sim podemos falar em não termos prejuízos nas unidades franqueadas”, explica a executiva.

Outros profissionais ainda esperam para ver como esse novo cenário vai se desenhar. “Acreditamos que o sistema por delivery venha a minimizar o impacto financeiro de nossos franqueados, porém com a extensão deste cenário de reclusão a médio e longo prazo os prejuízos e riscos da continuidade das operações são reais e eminentes”, reflete o fundador da Slice Cream.

Já Schiano afirma que, até o momento, a Havanna está conseguindo equilibrar a situação nas unidades que aderiram ao delivery.

Entretanto, ele acredita que, devido à incerteza referente ao tempo que essa situação se prolongará, será necessário se reinventar e investir em outras estratégias para evitar ao máximo o prejuízo.

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