A ansiedade é inimiga dos bons negócios

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ansiedade inimiga dos negocios
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João era um cara legal, que sempre sonhou em ser dono do seu próprio negócio. Acontece que a vida o levou por outros caminhos, e João seguiu carreira como vendedor em uma boa empresa, e conseguiu construir um patrimônio sem luxos, porém com conforto para si e sua família. Casa própria, carro, filhos em boas escolas. João se sentia realizado em quase tudo – o sonho de ter seu próprio negócio ainda pulsava em seu coração.

Então veio a pandemia e, em virtude do fechamento de diversas operações, a empresa onde João trabalhava criou um plano de demissão voluntária que oferecia vantagens interessantes. Foi o empurrão que João precisava. Com as verbas de sua rescisão, decidiu que era a hora de realizar o sonho de empreender.

Como o sonho era antigo, João já tinha pesando muito sobre o assunto e estava decidido que seu caminho como empreendedor iniciaria com uma Franquia, porque ele entendia que, apesar de grande experiência profissional, sempre foi funcionário e que ser dono, mas com apoio, era um caminho mais seguro.

Com um recurso razoável em mãos, João saiu em busca de oportunidades, mas com uma dose de insegurança dado o momento econômico atual e por isso, João decidiu ser cauteloso. Eis que em suas buscas, João conheceu um modelo de negócios enxuto, com administração home based – parecia perfeito para o momento onde todos estavam no home office.

O negócio parecia muito bom – investimento baixo, sem necessidade de grande estrutura administrativa, produtos de consumo que podiam ser vendidos por canais eletrônicos e entregues por delivery.

O gerente de expansão da empresa foi muito simpático desde o início, sempre destacando para João que aquele era um negócio imperdível e que, por este motivo, ele precisava decidir logo porque havia muitos candidatos interessados na mesma praça que ele.

João estava ansioso para começar e inscreveu-se no processo seletivo da Franqueadora (que na verdade nem era um processo seletivo – João precisou apenas preencher uma ficha simples e enviar poucos documentos) e pagou a taxa de Franquia, que segundo o gerente que o atendeu, era o que efetivava o negócio.

O contrato, que deveria ter sido assinado antes do pagamento, acabou demorando pra ser confeccionado porque, segundo o gerente, o jurídico era enrolado e advogado sempre é chato para essas coisas de documentação, mas que João não precisava se preocupar porque estava tudo certo. João então já poderia até mesmo fazer seu primeiro pedido de produtos, e já começar a organizar a operação. E foi o que ele fez.

Na semana seguinte, o contrato ainda não estava pronto, mas João não se preocupou porque afinal, era só uma questão burocrática. E seguiu fazendo o treinamento – que na verdade, nem era um treinamento, era só uma reunião de instrução e algumas páginas para ler. João estranhou mas no fim, achou bom, porque estava realmente com pouco tempo para isso e assim que a operação iniciasse, ele poderia rever tudo e tirar dúvidas. O gerente garantiu que daria todo o apoio.

O tempo passou rápido e 30 dias depois, João tinha o primeiro boleto de mercadoria para pagar, mas ainda não tinha começado a operar, e lembrou que naquela correria toda, não tinha assinado o contrato, e ligou para o gerente. Depois de alguns dias, o contrato chegou e João ficou surpreso que o documento não retratava exatamente tudo o que havia sido conversado. Segundo o gerente, o documento não poderia ser alterado e questões operacionais não precisavam ser descritas detalhadamente. João ficou desconfortável e resolveu então consultar um advogado.

O advogado pediu que João solicitasse a COF (que João mal sabia o que era) a Franqueadora, para que ele pudesse conferir os termos da mesma com o contrato, mas a Franqueadora não tinha COF, apenas o contrato. João ficou desanimado, e sentindo-se enganado, disse ao gerente que não seguiria com o negócio, devolvendo os produtos ainda não utilizados, e pediu a devolução da taxa paga.

O gerente informou que a taxa não poderia ser devolvida porque o contrato não previa devolução em caso de desistência, e que a Franqueadora não poderia ser prejudicada por tal decisão, já que negou a praça a outros candidatos. João e a Franqueadora seguem discutindo a questão judicialmente. Joao descobriu então, a duras penas, que sua ansiedade o fez atropelar processos que não poderiam ser atropelados. E que a falta de informação é perigosa.

João e a Franqueadora, personagens desse artigo, são fictícios. Qualquer semelhança na realidade com a história contada é mera coincidência. Apenas que peço que, por favor, você não seja como o João.

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