O avanço da vacinação e a queda de internações por coronavírus possibilitou a reabertura gradual da economia. Agora, no fim de 2021, praticamente todos os setores já reabriram e a recuperação do franchising está acelerando.
Apesar disso, a pandemia não acabou. Ainda é necessário manter cuidados sanitários sérios para evitar uma piora no cenário atual.
Observando essa situação que mescla otimismo e instabilidade, o Guia quis saber quais são as expectativas dos executivos do franchising e como eles estão se preparando para esse fim de ano.
Nativos do offline esperam crescimento expressivo
De forma geral, ao conversar com franqueadores é possível identificar uma visão positiva para os próximos meses.
Porém, aqueles que têm o atendimento presencial como pilar de suas unidades – mesmo fazendo adequações por conta do distanciamento social – parecem ter expectativas mais altas para a retomada.
Eduardo Costa, CEO da franquia de roupas íntimas Loungerie, relembra que as lojas da marca estiveram fechadas durante alguns períodos de 2020 e 2021, o que impactou o faturamento de todas as unidades próprias e franqueadas.
Para contornar os obstáculos, a franqueadora buscou alternativas como as vendas por WhatsApp, o drive-thru e vendas diretas, e essas estratégias deram muito certo. Apesar disso, a expectativa para a retomada presencial é grande.
“Este ano o fluxo de pessoas nas lojas é maior em relação ao ano passado e atribuímos isso ao processo de vacinação avançado. Temos expectativas de venda para este fim de ano superior ao ano passado porque as pessoas têm mais confiança em voltar às compras presenciais”, explica Eduardo.
A Usaflex viveu uma situação parecida. Com os períodos de fechamento em 2020 e 2021, a rede calçadista viu seu faturamento despencar em mais de 80%. Agora, o momento é de recuperação.
“A reabertura total do comércio já vem trazendo bons resultados desde maio deste ano e, somada ao fato da vacinação ter avançado muito no Brasil, as consumidoras se sentem mais seguras e estão voltando a circular e fazer compras nas lojas”, comemora Elbio Antonio Armiliatto, diretor de franquias da Usaflex.
A expectativa da marca é encerrar o último trimestre de 2021 com vendas superiores a 2019, algo que já está acontecendo em várias regiões do país.
Até mesmo marcas que já tinham canais digitais, como a cervejaria Dogma, estão animados com o retorno das compras físicas.
A companhia já tinha atendimento via loja online e aplicativo e, apesar de ter trabalhado com vendas 100% virtuais na pandemia, vê essa nova fase com bons olhos.
Leonardo Satt, um dos fundadores da cervejaria Dogma comentou: “Temos o delivery em caso de fechamento do comércio, mas as vendas presenciais ainda dominam o mercado de bares, e o resultado também é melhor. Acredito que com o tempo as pessoas começarão a ter mais confiança, vendo o número de casos e mortes sendo estatisticamente reduzidos”.
Na rede de depilação Pello Menos, os números já são muito positivos. A fundadora Regina Jordão revelou que houve crescimento de 40% no 3º trimestre de 2021 e que a recuperação total foi de 75% em 2021 até agora. “Certamente, fecharemos com recuperação de 100% em relação aos resultados antes da pandemia e chegaremos ao equilíbrio, para iniciar 2022 de forma positiva.
No setor de entretenimento, que foi um dos mais prejudicados pelo pandemia, também há otimismo.
A Academia do Rock foi projetada para aulas e apresentações presenciais. A marca conseguiu levar sua proposta para o digital, mas já percebeu como as interações offline são fundamentais para o seu público.
“A reabertura está sendo uma loucura, no bom sentido. A demanda que ficou represada nesse período começa a colocar os pés fora de casa. A procura por aulas presenciais aumentou muito e nosso primeiro evento desde o início da pandemia foi maior do que o último realizado em 2019, antes da pandemia”, explica Marcelo Freitas, diretor da Academia do Rock.
Quem cresceu no digital tem expectativas mais moderadas
Na Flash Courier, o investimento em tecnologia e a alta demanda ocasionada pelas vendas pela internet fizeram com que o volume de entregas passasse de 3,5 milhões por mês no início de 2020 para 10 milhões atualmente.
Mesmo assim, Guilherme Juliani, CEO do Grupo MOVE3, que abrange a Flash Courier, acredita que o digital veio para ficar.
“Com o comércio voltando, muitas lojas reabrindo para o atendimento presencial, o e-commerce pode recuar um pouco, mas acredito que não deve voltar ao que era antes da pandemia. Então, nesse cenário, nossas expectativas são bastante positivas, até porque o fim do ano conta com datas como a Black Friday e o Natal, que impulsionam muito as vendas online”, projeta o executivo.
A Dr. Shape, rede de produtos saudáveis e fitness, também cresceu na crise. A companhia enfrentou alguns desafios nos primeiros meses de pandemia, mas, a partir do momento em que passou a ser considerada como serviço essencial, conseguiu manter a operação totalmente funcional e vem colhendo bons frutos nas vendas físicas e digitais neste ano.
“Mesmo diante das dificuldades, em 2020 tivemos crescimento de 13% no faturamento. Nesse período é que vemos a consolidação do nosso trabalho e do nosso setor”, celebra Roberto Kalaes, executivo responsável pelas áreas de expansão e novos negócios da Dr. Shape.
Já IP SCHOOL vê um futuro positivo, independente dele ser offline ou online. A marca tinha foco no ensino presencial e teve seu faturamento afetado em 50% no início da pandemia, mas conseguiu reverter o cenário e crescer quando aprimorou seu ensino online.
Por conta disso, a rede de escolas de inglês viu um novo rumo no ensino à distância e não está mais tão preocupada com o retorno à educação tradicional.
“Acredito que [o retorno presencial] não vai fazer diferença para nossa alavancagem. Na pandemia nós conseguimos otimizar a qualidade tanto no físico quanto no online, por isso, nosso crescimento é seguro, seja em uma modalidade ou na outra”, confirma Rauel Araruna, sócio franqueador da IP SCHOOL.
A conclusão é que o franchising está esperançoso com a retomada. E, honestamente, quem é que não está?
Ter cautela neste momento será fundamental para não dar passos atrás e continuar avançando até que a pandemia esteja totalmente superada. No entanto, a oportunidade de retorno presencial faz brilhar os olhos de muitos franqueados, em maior ou menor escala, e as expectativas para os próximos meses animam o setor.
