Conselho em franquias: faz sentido uma rede de franquias ter um?

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conselho em franquias
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A principal atribuição do Conselho, seja Consultivo ou Administrativo, é tomar decisões colegiadas. Toda empresa que constitui um Conselho desfoca as decisões estratégicas do negócio das mãos do CEO para o colo do Conselho. Dessa maneira, em vez de o negócio ser pensado por uma única pessoa, passa a ser discutido, analisado, pensado e criado por um grupo de profissionais com perfil generalista e com conhecimento de governança. É aquela história de que duas cabeças pensam melhor que uma.

No caso de o Conselho ser formado por Conselheiros TrendsInnovation, a abordagem vai englobar também visão de futuro, mapeamento de tendências e análise de inovações que o negócio pode implantar.

No Brasil ainda resiste a ideia de que Conselho é coisa para empresa grande ou de capital aberto. Pouco a pouco, no entanto, fundadores de empresas familiares, founders de startups e CEOs de pequenas e médias percebem que compartilhar decisões é muito menos estressante e muito melhor para a expansão. Além disso, um bom Conselho, ou seja, um grupo de Conselheiros escolhidos com critério dependendo do tipo do negócio e de seus objetivos, enriquece as discussões, encontra soluções inovadoras para problemas recorrentes, percebe melhor as oportunidades de crescimento e pode até gerar novos negócios.

Outro ponto bastante interessante é que boa parte do papel do Conselheiro é fazer perguntas. São perguntas que provocam os gestores a se afastarem dos problemas do dia a dia, como cumprimento de metas ou redução de custos. Com isso eles têm a oportunidade de pensar em outras direções e, assim, ganhar uma nova perspectiva do negócio.

Dito isso, será que faz sentido uma rede de franquias formar um Conselho, seja ele Consultivo ou Administrativo? Bem, uma rede de franquias é uma empresa como outra qualquer. Sendo assim, faz total sentido que as decisões estratégicas sejam colegiadas. De verdade, uma rede franqueadora enfrenta tantas particularidades que o Conselho pode ser até mais necessário que em outros modelos de negócio.

Particularidades do negócio de franquia

Todo franqueado se sente também um pouco dono da marca. Ele não só paga royalties para usá-la como é a principal interface da marca com o consumidor, o que gera uma certa simbiose difícil de ser administrada com isenção. É ele que recebe os elogios do consumidor mas também quem acolhe reclamações e enfrenta sua ira quando algo dá errado. Por isso, se sente no direito de pensar na marca como se fosse sua.

O Conselho pode ajudar na difícil tarefa de estabelecer limites nas atribuições de franqueador e franqueados. Formado por profissionais que não são nem parte da rede de franquia nem parte dos franqueados, o Conselho tem isenção suficiente para apontar o bom e o ruim de cada lado. Essa isenção contribui para que sejam tomadas as melhores decisões tendo como objetivo o crescimento da rede assim como o de cada franquia.

Para funcionar dessa forma, no entanto, a escolha dos Conselheiros precisa ser cuidadosa. Entre os critérios está formar um grupo equilibrado. Sendo assim, se o fundador da rede de franquias estiver no Conselho, é fundamental que um representante dos franqueados também faça parte.

Outro cuidado na hora de escolher o colegiado é adequá-lo aos objetivos que se quer para o negócio. Pode-se, por exemplo, contar com um Conselheiro com formação na área de vendas caso o objetivo seja a expansão no número de lojas. Ou um Conselheiro com perfil de líder educador, caso a franquia esteja enfrentando problemas com treinamento de equipes.

Embora todo Conselheiro deva ser um profissional generalista, com múltiplas experiências, ele pode ter mais afinidade com áreas como varejo, comunicação e marketing, finanças, gamificação, tendências comportamentais, sucessão familiar, sustentabilidade ou transformação digital, só para citar algumas. Cada um desses perfis vai imprimir um diferencial às discussões e às estratégias que serão pensadas para a rede.

A inovação num mundo competitivo

Não bastasse o mundo das franquias ser altamente competitivo, o povo brasileiro é empreendedor e criativo. Por isso, a vida do franqueador não é fácil. Ele precisa garantir o ineditismo de todos os recursos de seu negócio, como marca, tecnologia, processos e até receitas (no caso de franquias do setor de alimentação). O esforço para manter a marca atualizada e empolgante é constante. Não basta ter ideias maravilhosas, é preciso ter bons sistemas para implantá-las em todos os franqueados.

A rede de franquia também precisa garantir que a mesma qualidade de atendimento, de produtos ou serviços será oferecida em todas as lojas, independentemente de ser uma franqueada no Acre ou em Florianópolis. Tanto franqueador quanto franqueado devem ainda se preocupar com as expectativas dos consumidores, que cada vez mais desejam viver uma experiência no mínimo positiva ao adquirir produtos e serviços. Se a experiência puder ser surpreendente ou extraordinária, tanto melhor. Diante de todos esses desafios, contar com Conselheiros com conhecimento em transformação digital, branding, varejo e logística fará toda a diferença.

A preocupação com a privacidade ganhou bastante relevância depois da implantação da Lei Geral de Proteção de Dados. No modelo de negócio aqui em questão, são dois os tipos de consumidores que precisam ter seu direito à privacidade de dados preservada. Primeiramente a rede de franquias precisa proteger os dados de seus franqueados.

Mas ela também precisa se preocupar em proteger os dados dos consumidores para os quais seus franqueados fornecem serviços. E franqueados também têm a responsabilidade de proteger os dados do consumidor final. Essa cadeia de proteção precisa ser muito bem orquestrada e um Conselho com experiência em LGPD pode contribuir bastante para isso.

Conselheiros devem, ainda, garantir que ambas as partes usem processos contábeis atualizados e que estejam com os contratos entre elas atualizados. Nos últimos cinco anos a aceleração digital mudou as relações e isso precisa estar registrado em documentos apropriados. Durante a pandemia de covid-19, por exemplo, franqueados passaram a vender online ou a fazer delivery. Será que seu contrato com a franqueadora permite esse tipo de negócio ou é necessário que ele seja adequado aos novos tempos?

Outra particularidade do negócio de franquias que faz com que o Conselho seja um diferencial importante é que, em pleno século 21, franqueadores precisam se preocupar com inovação, acima de qualquer coisa. Mas nem sempre as demandas do dia a dia permitem pensar fora da caixa.

Como a gestão pode ter ideias inovadoras quando está preocupada em lidar com demandas de centenas de franqueados, manter positivo o fluxo de caixa, em não deixar passar nenhum erro no pagamento de impostos ou ainda em lidar com a complexa logística que o Brasil exige para a entrega de produtos? Ter um Conselho dedicado a pensar no futuro parece ser uma ótima saída para essa difícil equação.

Conselho de Franqueados

Tomar decisões colegiadas, ter tempo e liberdade para pensar nas estratégias do negócio a longo prazo e garantir a inserção do negócio na era digital são algumas das vantagens de implantar o Conselho numa empresa que tem como modelo de negócios vender franquias. Essa tarefa nem sempre é fácil, especialmente porque existe uma confusão entre o que é Conselho Consultivo ou Administrativo e Conselho de Franqueados.

De acordo com a Associação Brasileira de Franchising Conselhos de Franqueados são “Entidades formalmente reconhecidas pelo franqueador, com ou sem personalidade jurídica, que representem no mínimo 2/3 da rede de franqueados em número de unidades e no mínimo 10 unidades franqueadas representadas, associadas ou não à ABF”.

O Conselho de Franqueados é formado por alguns dos principais franqueados da rede, aqueles que têm mais unidades ou atuam de maneira mais contundente em alguma área. Esse conselho segue uma agenda própria de encontros e assuntos. Entre os temas que discutem estão portfólio de produtos, verba e estratégias de marketing, royalties, concorrência, expansão e treinamento.

O Conselho de Franqueados é como uma associação que pensa questões importantes para suas unidades. Nem sempre esse grupo está alinhado com as estratégias da rede franqueadora ou preocupado com o futuro da rede, com seu crescimento, em preservar as características da marca ou pensar em estratégias de longo prazo. Não é incomum que a franqueadora sequer participe das reuniões. Logicamente todas as ideias são levadas para a rede de franquias que as encara como sugestões e não como deliberações.

Redes de franquia que já contam com um Conselho de Franqueados deveriam estar ainda mais empenhadas em implantar um Conselho Consultivo ou Administrativo. Como os desafios que cada parte enfrenta são muito diferentes, a gestão pode ter dificuldades de lidar com a força de um Conselho de Franqueados.

Dificilmente, por exemplo, um Conselho de Franqueados vai se preocupar com ESG, sigla em inglês para Sustentabilidade Ambiental, Social e Governança. O tema é um dos mais relevantes na atualidade e pauta de qualquer Conselho Consultivo ou Administrativo.

Preservação do meio ambiente, gestão de resíduos, compensação de carbono, diversidade e equidade, fomento de comunidades, combate ao racismo, à homofobia e ao trabalho análogo ao escravo em toda a cadeia de fornecimento da empresa são desafios a serem enfrentados por um time de Conselheiros com formação diferenciada, como é o caso dos Conselheiros TrendsInnovation, que têm profundo conhecimento de futuro, tendências e inovação.

Na Conselheiros TrendsInnovation, da qual faço parte, nossos mais de 100 conselheiros dominam temas relacionados à transformação da sociedade na nova era. Alguns temas parecem distantes da realidade da maioria de empresas mas podem, facilmente, gerar questionamentos da sociedade e, principalmente, dos consumidores – e por isso é importante que a gestão esteja preparada para lidar com eles.

Nossos Conselheiros são experts nas melhores práticas de Governança. Significa que ajudaremos a rede de franquia a, entre outras coisas, implantar uma gestão responsável, transparente e ética; a combater preconceitos e corrupção; a estabelecer normas de relacionamento e comunicação com clientes, fornecedores, funcionários e outros stakeholders; a promover uma cultura organizacional sólida; e a gerenciar riscos.

Este artigo foi enviado por Gillian Borges, Conselheira TrendsInnovation e membro do Conselho Diretor da Conselheiros TrendsInnovation do Brasil, para uso do Guia Franquias de Sucesso.

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