A pandemia obrigou franqueados e franqueadoras a implementar o trabalho remoto às pressas, e o que para muita gente parecia improvável, virou realidade em tempo recorde. Mas e agora, como seguir? No antigo modelo presencial, ou no novo home office?
Muitas franqueadoras estão escolhendo os dois.
“Trabalho híbrido” é o termo que está sendo usado para as empresas e profissionais que escolheram dividir a jornada entre dias no escritório e outros trabalhando em casa.
A justificativa é simples: se tanto o home office quanto o presencial têm vantagens e desafios, equilibrar os dois modelos pode ser um caminho para garantir produtividade com qualidade de vida.
Um estudo da Open Mind Brazil, uma startup de relacionamentos que reúne CEO’s e diretores de empresas brasileiras e estrangeiras, apontou que 85% dos C’Levels pretendem implantar o trabalho híbrido. A decisão é baseada, principalmente, na produtividade. Cerca de 35% viram um aumento na qualidade das entregas depois que implementaram o home office.
No franchising, o movimento também tem ganhado adeptos. Várias marcas estão operando com um misto de trabalho remoto e presencial e muitas já confirmaram que vão manter a dinâmica mesmo no pós-pandemia.
Conversamos com algumas redes que abraçaram o trabalho híbrido e trazemos as impressões e dicas delas a seguir.
Love Gifts
O trabalho híbrido foi novidade na Love Gifts. Segundo Fábio Farias, CEO da marca, não houve dificuldades operacionais para a adoção deste formato, mas a nova dinâmica resultou em transformações culturais importantes.
Fábio cita dois cases de funcionárias que têm filhos pequenos e encontraram no home office um caminho para ter uma rotina mais equilibrada com as crianças em casa. Ele faz questão de ressaltar que não houve nenhum prejuízo na produtividade ou qualidade do trabalho das colaboradoras.
Além disso, como a rede está em expansão e aumentou seu quadro de funcionários, o fato de não ter todos os profissionais trabalhando presencialmente poupou a empresa de aumentar sua estrutura física.
Instituto Gourmet
O Instituto Gourmet nunca tinha experimentado o trabalho home office, mas a pandemia obrigou a franqueadora a adotá-lo. Conforme a vacinação foi avançando, a rede de educação aderiu a um modelo em escala: são 3 dias presenciais e 2 dias em home office.
De acordo com Marcelle Santos, coordenadora de marketing e implantação, o trabalho híbrido tem funcionado bem e trouxe muitas vantagens para a companhia.
“O modelo híbrido nos atende bem, diminui o gasto de energia dos nossos colaboradores no deslocamento e, por conta disso, temos um aumento grande de produtividade e entrega”, explica.
Como principais vantagens, Marcelle destaca os custos reduzidos, a menor rotatividade de funcionários, a comodidade e o ganho de tempo.
“Além de ser o futuro do trabalho, [o trabalho híbrido] é uma forma de acelerar a produtividade, diminuir custos e fidelizar os colaboradores através da autonomia. Porém, é importante ressaltar que não é todo colaborador que se encaixa nesse modelo, por isso é importante identificar os perfis antes de virar essa chave”, indica.
WSI Master Brasil
“A WSI sempre teve muito desse método híbrido de trabalho. Sempre houve uma flexibilidade e os funcionários podiam um dia ou outro da semana trabalhar de casa. Mas isso nunca foi tão recorrente quanto é hoje, pós-pandemia”, explica o presidente da WSI Master Brasil, Caio Cunha.
A rede especializada em marketing digital tem profissionais e parceiros espalhados em empresas de vários estados, mas enxergou resultados ainda melhores quando formalizou a adesão à essa prática de trabalho.
De acordo com Caio, há uma percepção de que os profissionais que atuam em dias alternados em casa e no trabalho se sentem mais valorizados e, com isso, se dedicam mais.
Ele também aponta que há uma humanização muito positiva nessa nova proposta. “Eu vejo a satisfação dos funcionários como um valor importantíssimo. E a satisfação engloba prazer ao fazer seu trabalho, conforto em estar próximo dos seus familiares e informalidade no relacionamento entre os funcionários e os chefes”, finaliza.
Park Education
Para a Park Education, rede de escolas de idiomas, o trabalho híbrido representou muitos avanços, inclusive no que tange à escolha de funcionários.
Juan Rios, head commercial da Park Education, explica: “essa dinâmica tem nos possibilitado buscar profissionais mais qualificados de outras regiões do país nos processos seletivos, permitindo uma troca cultural muito interessante. Hoje, temos um ambiente de trabalho mais diversificado, com profissionais mais qualificados”.
O executivo acredita que muitas operações continuarão a ser realizadas presencialmente, porém, ele enxerga um futuro mais digital, principalmente para profissionais que trabalham como consultores e consultores de campo.
FarMelhor
A rede de farmácias FarMelhor abraçou o home office na pandemia, mas percebeu rapidamente alguns desafios de trabalhar em casa.
“Notamos que a maior perda com o home office foi a interação dos funcionários com os acontecimentos e operações. Coincidentemente, no início da pandemia já tínhamos em operação a ampliação do auditório, o que veio a facilitar em muito o distanciamento quando havia necessidade de presença no escritório de São Paulo”, explica Célia Ayako, gerente de marketing da FarMelhor.
Equilibrando as duas modalidades, a FarMelhor conseguiu gerar novos empregos e recepcionou mais de 100 novos franqueados em meio à pandemia.
Célia acredita no sucesso do modelo, mas indica que outras empresas observem suas próprias rotinas antes de adotá-lo: “o trabalho híbrido por si só já demonstra a confiança da empresa em seus colaboradores. Há várias matérias/estudos que abordam o home office tendo por resultado uma maior produtividade dos colaboradores. Por outro lado, a própria natureza das operações da empresa ditará a possiblidade de adoção do trabalho híbrido”.
Sestini
A maioria das áreas da Sestini adotou o modelo híbrido de trabalho com escalas definidas pelo gestor de cada área junto à sua equipe.
Para isso, a companhia que atua no segmento de malas e mochilas precisou fazer ajustes. “Foi necessário mudar alguns processos e recursos de trabalho para melhorar a forma de fazer a gestão das atividades das equipes, além de providenciar toda a adaptação dos espaços de escritório, que antes eram compartilhados”, conta Bruna Lima, gerente de RH da Sestini.
Atualmente, a companhia faz pesquisas internas para entender o percepção do trabalho híbrido e identificou que há uma divisão entre os funcionários que notaram melhora na qualidade de vida e outros que acreditam que a produtividade foi comprometida por conta de interferências na rotina de casa.
Para as redes do franchising que pensam em adotar o modelo, Bruna indica atenção com a saúde mental dos franqueados e com o endomarketing. “Faça uma pesquisa interna recorrente para entender como está sendo a adaptação das pessoas ao novo formato de trabalho, avalie os pontos críticos e busque fazer as melhorias necessárias”, recomenda.
PremiaPão
“No período de lockdown, conforme foi determinado, trabalhamos 100% de forma remota. Depois, com o trabalho presencial podendo voltar a acontecer, nossos colaboradores voltaram à rotina, menos aqueles que ainda não se sentiam confortáveis por algum motivo. Hoje, temos alguns colaboradores de forma remota”. Quem conta é Rafael Mattos, CEO da PremiaPão, rede de publicidade em sacos de pão.
De acordo com o empresário, o trabalho deve ser sempre pensado no bem-estar do trabalhador e, nesse sentido, o trabalho remoto ou híbrido são alternativas que permitem que o profissional cumpra suas tarefas e se sinta bem.