Royalties. Taxa de franquia. Instalação. Fundo de propaganda. Independente do segmento, quem pensa em investir em franquia tem uma preocupação em comum: quanto é preciso desembolsar? Com valores bem variados, as taxas de franquia têm finalidades diferentes e devem ser conhecidas a fundo por quem vai entrar nesse mercado.
Além do investimento inicial para começar o negócio, é preciso programar-se para as cobranças periódicas da franqueadora, custos operacionais comuns de qualquer empreendimento e capital de giro para manter tudo nos conformes durante os primeiros meses de funcionamento da franquia. Ainda que, à primeira vista, todas as taxas pareçam ser um obstáculo, investir em franquia pode ser um bom negócio tanto para quem tem alto capital disponível quanto para quem busca opções de baixo custo.
“No cenário econômico atual, muitas pessoas abandonaram o emprego formal para investir na abertura de uma franquia”, conta Lucas Atanázio Vetorasso, diretor e fundador do Grupo ATNZO. O motivo todo mundo já conhece: o franchising é um dos setores mais fortes da economia brasileira.
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Em 2020, mesmo com a retração de diversos mercados, o setor de franquias registrou faturamento de R$ 167 bilhões, de acordo com a Associação Brasileira de Franchising (ABF).
Para entrar nesse ramo e fazer parte das boas estatísticas nem sempre é preciso dispor de somas elevadas para o investimento. O franchising conta com opções de franquias baratas em todos os segmentos, com investimentos até 50 mil reais. Nessa linha, é possível encontrar redes que não cobram taxas de royalties ou fundo de publicidade, modelos que não exigem gastos com instalação e franqueadoras que oferecem facilidades de pagamento de taxa de franquia, com parcelamentos e financiamentos.
Porém, ainda que a franquia apresente taxas atrativas para o investidor, colocar tudo isso no papel é indispensável para não ter problemas financeiros no futuro. Para Vetorasso, um bom planejamento faz toda a diferença na prosperidade do negócio. “Planejamento é tudo. É importante que o candidato estude o ramo de atividade, local de implantação e se há realmente demanda para o negócio que está pensando abrir”, aponta o consultor.
A seguir você confere quais são as principais taxas de franquia, quais são suas finalidades e quando elas devem ser pagas.
Investimento inicial
Se você já começou a pesquisar sobre franquias, certamente se deparou com valores que indicam o investimento inicial ou o investimento total. Geralmente, esse valor representa todo o capital necessário para dar início ao negócio – ou seja, via de regra é o que o investidor deve ter em mãos para abrir uma unidade de franquia.
“O investimento inicial de uma franquia pode variar conforme sua formatação. Normalmente, esse valor compreende: taxa de franquia, obras e reformas, estoque inicial, marketing inaugural, capital de giro, maquinário, montagem e padronização”, esclarece Lucas Atanázio Vetorasso.
Apesar de abranger as principais taxas de franquia para iniciar a operação da unidade, muitas vezes o investimento inicial não indica todos esses valores. Para confirmar o que está incluso no valor apresentado por uma franquia, é fundamental esclarecer a composição desse capital com a franqueadora: é comum, por exemplo, que algumas redes não incluam no valor de investimento inicial o capital de giro ou a compra de equipamentos.
Além disso, outros custos podem ser necessários no processo de abertura de uma franquia. “O franqueado precisa arcar com o ponto comercial e suas instalações, custos administrativos como abertura de empresa, recolhimento de taxas de alvará, entre outros”, aponta Vetorasso.
Taxa de franquia
A primeira taxa a ser paga por quem investe em franquia é a taxa de franquia. Essa taxa corresponde à concessão do uso da marca pelo franqueado e funciona como um valor a ser pago para a entrada na rede. Além do direito de uso de marca, a taxa de franquia também é a remuneração atribuída à transferência de know how e treinamentos iniciais oferecidos pela franqueadora.
O valor da taxa de franquia varia muito conforme a marca, o modelo de franquia, o número de habitantes da cidade a receber a unidade, entre outros.
Esse é um valor que pode apresentar facilidades de pagamento: algumas redes possibilitam que os investidores paguem a taxa parcelada, outras oferecem descontos e promoções sob condições específicas. A maior parte das franqueadoras cobram taxa de franquia, mas, também é possível encontrar algumas marcas que isentam o franqueado deste valor.
“Há dois tipos de rede que não cobram a taxa de franquia. Aquelas que embutem esse valor no estoque inicial ou em outro item da franquia e as que usam isso como estratégia de expansão, para atrair mais candidatos em um tempo menor, sem necessariamente reaver esse dinheiro”, comenta Vetorasso.
Vale apontar que, ainda que a franqueadora, opte por não cobrar a taxa de franquia, a transferência de informações iniciais e suporte ao franqueado não devem ser excluídos do negócio.
A taxa de franquia deve ser paga à franqueadora no momento da assinatura do contrato ou do pré-contrato de franquia, o que deve acontecer com o prazo mínimo de dez dias após a entrega da Circular de Oferta de Franquia (COF), conforme previsto por lei.
Taxa de instalação
“Essa é uma taxa que deve ser paga para que o mais novo franqueado receba a loja com tudo o que ele vai precisar para já começar fazer o negócio funcionar”, explica Vetorasso.
Dessa forma, a taxa de instalação diz respeito a todo o processo de padronização e implantação da unidade da franquia, incluindo desde a adaptação do ponto de acordo com o projeto arquitetônico padronizado da rede até mobiliário, equipamentos e softwares utilizados no atendimento a clientes ou na rotina interna do negócio.
O valor varia muito conforme o modelo de franquia. Franquias no formato loja, por exemplo, costumam exigir um capital de instalação mais elevado, assim como unidades que necessitam de investimento em equipamentos específicos, como as franquias de academias.
Modelos mais compactos, como quiosques e containers, podem ter esse valor reduzido. Já as franquias home based geralmente não exigem nenhum tipo de gasto com instalação: os modelos permitem que o franqueado trabalhe sem estrutura física comercial, fazendo uso de equipamentos que já possui, como computador e telefone.
“O valor também poderá ser reduzido conforme a qualidade encontrada no ponto comercial indicado pelo franqueado e aprovado pela franqueadora”, complementa Vetorasso. Portanto, conseguir locais que não precisem de grandes reformas e obras é crucial para quem deseja economizar com a instalação da unidade.
Vale lembrar que o valor da taxa de instalação indicado pela franqueadora geralmente não inclui gastos como luvas e valor do aluguel do ponto; portanto, o investidor deve estar preparado para cobrir essa demanda além do total previsto de instalação.
Capital de giro
O capital de giro é o valor reservado pelo investidor para custear a operação, financiar a rotina da unidade e renovar o estoque enquanto o negócio não atinge o ponto de equilíbrio e começa a se manter por conta própria. Assim, esse é um valor que vai influenciar no desempenho da franquia, ainda que não seja uma taxa paga à franqueadora.
Mesmo que a rede não indique o valor de capital de giro, recomenda-se que o investidor levante esse capital antes de fechar o negócio para não ter problemas no futuro. Para fazer um bom cálculo do capital de giro necessário para o negócio é fundamental manter controle do fluxo de caixa e considerar todos os custos do negócio.
“O capital de giro é influenciado pelo volume de vendas, compras, custo das vendas, prazos médios de estocagem e pagamento de compras. O fluxo de caixa e o capital de giro estão diretamente ligados”, acentua Vetorasso.
O total levantado para capital de giro deve levar em conta ainda o prazo de retorno de investimento da franquia. Também recomenda-se que o investidor tenha uma reserva financeira para cobrir seus gastos pessoais durante, pelo menos, seis meses após o início das atividades do novo negócio.
Taxas periódicas
Para investir em franquia não basta se organizar para arcar com o valor do investimento inicial. Após a abertura da unidade, o franqueado ainda está vinculado à franqueadora e deve pagar à rede algumas taxas, como royalties e taxa de publicidade.
Além disso, vale lembrar que uma franquia funciona como qualquer outro negócio. Na prática, isso significa que é necessário se programar para custear as operações como um todo – aluguel de ponto, condomínio (no caso de unidades localizadas em shopping center ou outros centros comerciais), energia elétrica, internet, salário de funcionários, estoque, eventuais treinamentos de reciclagem, manutenção de mobiliário e equipamentos, limpeza, entre outros.
Royalties
A taxa de royalties é tradicional do franchising. “O pagamento dos royalties é uma forma de remuneração à franqueadora para que o franqueado mantenha o direito de usar a marca e receber todo suporte do franqueador. Também dá o direito de comercializar os produtos, serviços e metodologia da empresa”, explica Vetorasso.
O mais comum é que os royalties sejam pagos mensalmente à franqueadora, embora algumas redes adotem outros sistemas de cobrança, como bimestralmente, por exemplo. Além disso, algumas marcas podem isentar o franqueado dessa taxa.
A forma de cobrança também varia conforme a rede. De acordo com Vetorasso, os três sistemas mais comuns para definição do valor de royalties são: percentual sobre o faturamento, percentual sobre as compras ou uma taxa fixa.
“Este é um momento de fazer contas. Os royalties devem ser utilizados como investimento e não gasto, e devem voltar ao franqueado mesmo que de forma intangível. Há redes que cobram royalties em forma de percentual que acabam atrapalhando o crescimento do franqueado. Antes de ingressar à rede, é importante consultar outros franqueados e entender exatamente como é cobrado e se o suporte que a rede diz oferecer é, realmente, real”, aconselha o consultor do Grupo ATNZO.
Taxa de publicidade
Assim como acontece com os royalties, a taxa de publicidade é paga à franqueadora periodicamente, normalmente de forma mensal. A base de cálculo para definição do valor também varia conforme a rede, podendo ser tanto uma taxa fixa quanto um percentual.
A finalidade, entretanto, é outra. Enquanto os royalties estão ligados ao suporte e ao uso da marca, a taxa de publicidade é revertida em ações de marketing e propaganda para a franquia. As contribuições de todos os franqueados formam o fundo de marketing (também chamado de fundo de propaganda ou fundo de publicidade) da rede, um recurso utilizado para custear ações que ajudem a trabalhar a imagem da marca, atrair e manter clientes.
Todo o valor arrecadado através da taxa de publicidade deve ser administrado pela franqueadora e pode ser investido em ações de marketing locais (como banners e anúncios nas cidades em que a marca está presente) ou ações nacionais (como anúncios em mídias de massa).
“É preciso destacar, antes de mais nada, que a verba do fundo de marketing não é uma receita da franqueadora, e sim um recurso da rede de franqueados. O papel da franqueadora é simplesmente o de administrar esse dinheiro com o intuito de maximizar as ações de marketing da rede”, aponta Vetorasso.
O especialista reforça que, assim como nos royalties, a taxa de publicidade é um investimento feito pelo franqueado, o que significa que esse valor deve retornar ao franqueado mesmo que como ativo de imagem, aumentando sua abrangência e público-alvo.
Antes de fechar negócio, é importante pesquisar sobre as ações da marca: confira como é a presença online nas redes sociais, se há inserções em televisão, rádio ou mídia impressa, como são as campanhas de lançamento e como é a publicidade nas cidades que já possuem unidades.
Por fim, além de analisar os investimentos e as taxas de franquia a serem pagas, é fundamental que o candidato analise também o retorno prometido por cada rede. O faturamento médio mensal, a taxa de lucratividade e o prazo de retorno do capital investido são estimativas que podem ajudar a entender se o negócio realmente vale a pena e se o retorno financeiro corresponde às expectativas do investidor.
“O empreendedor deve analisar o potencial de cada franqueadora, estudando o potencial da marca, margens financeiras, facilidades e dificuldades, suporte e outros aspectos”, finaliza Vetorasso.
Para não ter dúvidas quanto a nenhuma das taxas é indispensável analisar a COF com atenção, além de conversar com outros franqueados da rede sobre a experiência que eles tiveram nesse processo e ainda conferir tudo com um contador, consultor ou advogado de confiança.
Olá…deixa ver se eu entendi….a Taxa de franquia é unica quando firmado o contrato, depois tem outras taxas e mensalmente os royalties, isso?
Oi, Eli. Isso mesmo. A taxa de franquia é paga na assinatura do contrato e dá início ao processo de abertura. Depois, os royalties e a taxa de publicidade são pagos mensalmente.
Abraço!