Nos últimos anos, os avanços tecnológicos e as mudanças no comportamento do consumidor fizeram com que muitas empresas ficassem cientes de que seria necessário investir em uma transformação digital.
Uma projeção da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom) já adiantava que o Brasil deve investir mais de R$ 465,5 bilhões em recursos voltados à transformação digital até 2023.
Porém, embora digitalizar as operações já estivesse nos planos de muitas redes de franquias, a pandemia e o isolamento social mostraram que aderir ao digital já não é uma questão de escolha, ou um plano para o futuro.
Agora, a transformação digital no franchising é um passo fundamental para a sobrevivência dos negócios, e ela precisa acontecer o quanto antes.
Mas, afinal, o que é a transformação digital e como implementá-la nas franquias?
Em entrevista para o Guia Franquias de Sucesso, Natiele Krassmann, sócia fundadora da rede Criamigos, respondeu essas e outras perguntas.
A transformação digital e as vantagens no franchising
“Na Criamigos, entendemos a transformação digital como um processo em que utilizamos a tecnologia para melhorar nosso desempenho e processos, ampliando o alcance e otimizando resultados”, explica Natiele.
Segundo a empresária, a transformação digital não está atrelada apenas à inserção de aplicativos, softwares e outras ferramentas, mas sim a uma mudança de mentalidade que deve ser adotada por toda a cadeia.
Assim, para que esse processo seja realmente efetivo, a adesão à tecnologia precisa fazer parte da cultura organizacional e dos processos das franquias, e não apenas estar presente nas ferramentas.
E esse pode ser o aspecto mais desafiador para o franchising.
“A maior dificuldade está nas pessoas, e não na estrutura do franchising. Os franqueados são os mais resistentes, tendo seus próprios objetivos, prioridades e visões”, diz Natiele.
Ela também destaca que a mudança de mentalidade precisa impactar tanto os profissionais que atuam internamente (como franqueados, gestores e consultores de campo), quanto os agentes externos à operação (como clientes, investidores e parceiros).
Esse realinhamento na cultura e no mindset das pessoas envolvidas com a marca pode ser um pouco trabalhoso, mas os resultados valem a pena.
As companhias que souberam aplicar a transformação digital aproveitam vantagens como:
- Redução de custos: as ferramentas e processos alinhados ao digital tornam as operações mais ágeis, produtivas e menos passíveis de erros. Com isso, as empresas devem economizar. Além disso, através da coleta e análise estratégica de dados, as franqueadoras podem projetar cenários e tomar decisões que as ajudem a poupar recursos e investir com mais assertividade.
- Incremento na produtividade: por meio da automatização de certas tarefas, o profissional do franchising pode focar o tempo e energia em atividades que realmente precisam da sua atenção, o que melhora a produtividade.
- Melhor experiência para o consumidor: recursos como análise de dados de comportamento e inteligência artificial são alguns exemplos de como a tecnologia pode ser usada para entender, atender e vender melhor para o público.
- Mais controle: a transformação digital também pode ajudar os gestores a acompanhar em tempo real os detalhes das operações das franquias, independente de onde elas estão. Com isso, se torna mais fácil prever gargalos e falhas nas unidades, e repará-los antes que se tornem grandes problemas.
- Maior satisfação dos profissionais: a aderência à tecnologia e as mudanças de mindset relacionadas à transformação digital também podem auxiliar as franquias a gerar maior satisfação para os profissionais envolvidos na operação. A possibilidade de atuar em home office, por exemplo, é vista de forma positiva por muitas pessoas, e é totalmente sustentável se houver estrutura e gestão adequadas.
“A transformação digital não apenas te mantém presente no mercado, mas abre outras possibilidades, te permite ser mais estratégico e atuar em novas frentes”
Como fazer uma transformação digital na crise
“Sem dúvida alguma, a pandemia mostrou que alguns aspectos do digital não poderão mais ser rejeitados. Isso impulsionou empresas a se adaptar aos meios digitais para não ‘ficar para trás’, perdendo mercados e clientes”, reflete Natiele.
Com isso, explica a executiva, houve uma “corrida” para digitalizar as operações o mais rápido possível. Mas, além de ágil, o processo de transformação digital precisa ser muito bem estruturado para funcionar.
O primeiro passo, de acordo com Natiele, é fazer uma análise da jornada do consumidor, explorando seus novos comportamentos, necessidades e desejos, para encontrar formas de criar uma experiência melhor para ele.
Em um segundo momento, a franqueadora deve analisar sua cultura organizacional e entender de que forma ela pode ser adaptada para a nova mentalidade sem perder seu propósito.
Também é a hora certa para analisar seus processos e ferramentas atuais e criar rotinas mais simples, ágeis e econômicas através dos instrumentos tecnológicos disponíveis no mercado.
Por fim, Natiele sugere que a franqueadora use seu papel de liderança para mostrar para os colaboradores, franqueados e parceiros as vantagens da transformação digital e ajudá-los a passar pelo mesmo processo.
“A franqueadora deve envolver os franqueados nos processos, mostrando os pontos positivos que a transformação digital possui”, reforça.
Ela também orienta as companhias a destacar não só os benefícios de curto prazo, mas, principalmente, explicar como as mudanças podem ser fundamentais para a evolução do negócio a médio e longo prazo.
Ao entender que toda a cadeia envolvida com a marca compartilha da mesma cultura, utiliza a tecnologia com os mesmos propósitos e está atingindo os objetivos previstos, saberá que concluiu com o sucesso a transformação digital.
É claro que, com o tempo, novas necessidades de mudança vão se apresentar. Mas havendo estrutura organizacional preparada para a tecnologia e pessoas abertas para abraçar as novidades, sua franquia estará pronta para elas!