O franchising pelos olhos das executivas do setor

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executivas franchising
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Não é segredo para ninguém que muitas mulheres enfrentam desafios no mundo corporativo, e vários deles estão ligados estritamente à questão de gênero.

Por outro lado, também é perceptível que mudanças estão acontecendo no universo do trabalho, com foco em gerar mais diversidade nas empresas.

E como fica o franchising neste cenário?

De acordo com um estudo da Associação Brasileira de Franchising (ABF), as mulheres estão ganhando cada vez mais espaço no setor. Uma análise das 50 maiores franquias do Brasil apontou que a participação das mulheres em postos de liderança cresceu de 15% em 2019 para 21 em 2020.

Mas será que essas mudanças realmente são perceptíveis no ambiente de trabalho das executivas, gestoras, coordenadoras e outras mulheres que movem o franchising?

A seguir, conversamos com algumas delas para descobrir como enxergam os avanços e os problemas do setor e buscar dicas para outras mulheres que também querem fazer história no mercado.

Um desafio a mais

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), as mulheres dedicam cerca de 8 horas a mais aos afazeres domésticos e à família, mesmo em situações de trabalho iguais aos homens. É a chamada jornada dupla, em que elas acumulam tarefas do trabalho e da casa.

Com isso, o equilíbrio entre criar uma vida profissional de sucesso e aproveita a família se torna um obstáculo extra para elas. E embora, em teoria, homens também tenham a tarefa de se dividir entre o trabalho e a família, no caso delas a responsabilidade parece sempre pesar muito mais.

“Entendo que as mulheres têm sempre um desafio a mais na hora de conciliar a carreira e cuidados com a família”, comenta Luciana Fortuna, diretora de Marketing, Comunicação e Comercial do CNA.

Michelle Rodriguez, chef e sócia da rede de franquias Açougue Vegano, concorda: “os desafios vão sempre existir, apesar de estarmos mais fortes em vários segmentos, no geral não temos as mesmas facilidades que os homens”.

E como lidar com esse desafio que se apresenta apenas para elas? Não existe uma resposta simples para isso.

Para Renata Feldmann, gestora de expansão da EcoBike Courier, é fundamental fazer uma avaliação pessoal sobre a melhor forma de resolver esse impasse para evitar frustrações no futuro.

“Muitas mulheres desafiam sua vida pessoal em prol do trabalho. É um assunto muito delicado e particular de cada uma. São escolhas que devem ser muito bem trabalhadas internamente para gerar menos sofrimento e cobranças futuras”, sugere.

Renata também acredita que uma boa forma de encontrar melhor equilíbrio entres os anseios profissionais e pessoais é trabalhar em empresas que priorizem uma gestão humanizada.

“Quando decidimos que nossa família vem antes do trabalho, isso requer escolher negócios que tenham o mesmo propósito e filosofia de vida. Requer escolher sócios e parceiros com o mesmo pensamento ou, no mínimo, uma sensibilidade e apoio”, explica.

Experiências pessoais

Durante a entrevista, também perguntamos se as executivas já tinham enfrentado algum tipo de dificuldade ou preconceito ligado ao fato de serem mulheres no franchising.

Entre as seis profissionais, três afirmaram já ter vivido pelo menos uma situação que reflete o machismo no mundo corporativo.

Ellen Freitas, gerente de franquias da 2Share, conta que houve momentos em que outro profissional recebeu mais atenção e crédito do que ela, simplesmente por ser homem. “Eu estava liderando um projeto, mas quando um homem entrou na sala para tocar a negociação junto comigo, o candidato simplesmente parou de me ouvir para conversar apenas com ele”, relembra.

Michelle Rodriguez também diz ter passado por situações parecidas, em que fornecedores e parceiros de negócio afirmaram abertamente que preferiam negociar com seus sócios (homens) do que com ela.

Já no caso de Leiza Oliveira, CEO da Minds Idiomas, o preconceito foi percebido dentro da estrutura societária. “No início, eu tinha sociedade com dois homens e eles acreditavam que meu lugar não era à frente dos negócios, sempre me colocavam no operacional, dentro da unidade. Tive que quebrar barreiras para ir a campo e prospectar clientes”.

Apesar de terem tido experiências ruins, elas enxergam que há um movimento intenso de desconstrução do preconceito dentro do ambiente de trabalho e que já houve muito progresso nos últimos anos.

Essa evolução, no entanto, não acontece sem luta, mas é fruto da força do trabalho feminino.

Luciana Fortuna opina: “não diria que o machismo tem diminuído, mas sim, que nós mulheres estamos cada vez mais fortalecidas, conseguindo encarar algumas situações de forma leve e madura. Apesar de ainda sermos poucas em cargos executivos e de liderança, vejo cada vez mais uma grande valorização do perfil feminino nas empresas, o que é muito bom”.

Para Renata Morais, sócia-fundadora da Rockfeller Language Center, a forma como as mulheres demonstram seu potencial de trabalho, inteligência e capacidade de gestão tem aberto os olhos de muitos líderes e acelerado o ingresso de mais mulheres no franchising.

“Às vezes eu tenho a percepção (ao meu redor) que as mulheres valorizam muito mais seus empregos e trabalhos do que alguns homens e isso gera muito mais confiança e segurança para a empresa”, afirma.

O que podemos fazer hoje

É fato que as mulheres vêm conquistando cada vez mais espaço no franchising e no mundo corporativo, de forma geral. São vitórias importantes, que merecem ser celebradas e nos aproximam cada dia mais de um mundo mais igualitário.

Porém, ainda há muito o que ser feito.

Um dos caminhos para essa transformação é a criação de iniciativas de inclusão e diversidade nos quadros das empresas.

De acordo com Leiza, a Minds, por exemplo, tem feito seu papel com um programa de gestão que utiliza práticas de ESG (Environmental, Social and Corporate Governance). Elas priorizam o crescimento sustentável de empresas nas esferas ambiental, social e de governança corporativa. No que tange à equidade de gênero, a Minds tem 65% de seus cargos ocupados por mulheres.

Além de mudar a cultura das empresas, também é necessário transformar a mentalidade dos profissionais, e isso inclui aumentar a segurança e a determinação das mulheres no trabalho.

“Conquistar o seu espaço vai depender somente de você e acredito que estar segura de si é que garante sua tranquilidade em um ambiente possivelmente preconceituoso”, sugere Renata Morais, da Rockfeller.

Ellen Freitas, da 2Share, também aponta a importância de desconstruir os preconceitos que existem nas próprias mulheres: “lugar da mulher é onde ela quer estar, não existe lugar certo ou errado, existe o lugar onde queremos chegar ou estar. Agora é a nossa hora!”, finaliza.

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