Depois da febre dos food trucks, que se multiplicaram pelo país dentro e fora do mercado de franquias, a food bike parece ser a nova tendência da vez. Parte de um mercado em crescimento, o modelo de negócio tem ganhado espaço nas ruas.
O faturamento do segmento de foodservice no Brasil cresceu 3% em 2016, movimentando um total de 184 bilhões de reais. Para 2017, a expectativa é que o crescimento do setor chegue a 10,9%. Os dados são do Instituto Foodservice Brasil (IFB).
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Segundo relatório divulgado pelo IFB, o consumo de alimentos comercializados por ambulantes representa 11% do setor. O IBGE também identificou um crescimento no comércio sobre rodas: 12% em um período de pouco mais de dez anos.
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Inserida nesse contexto, com modelo compacto e operação simples, a food bike pode ser uma alternativa atrativa para redes de franquias que desejam inovar com um novo formato.
“A food bike é composta do chassi, aliado com conceito de uma bicicleta e com a composição da área de trabalho ou apresentação do empreendedor”, explica Rodrigo Frade, diretor da Dream Bike, empresa que comercializa modelos de food bike e trike personalizados.
Segundo o especialista, a estrutura pode conter um balcão com utensílios destinados à operação do negócio: estufas, vitrines, caixa térmica, cooktop, cubas, gavetas, cobertura, entre outros.
Rodrigo aponta ainda que, aliado a um visual diferenciado, o formato atrai a curiosidade e chama a atenção do público. Isso pode trazer ao empreendedor uma boa oportunidade de negócio no segmento – incluindo para quem quer investir em franquia.
Para Caroline Bittencourt, diretora de inteligência de mercado do Grupo Bittencourt, o modelo de food bike tem potencial no mundo do franchising, desde que seja feito um plano de negócio bem estruturado.
“Este é um modelo no qual o investidor terá que ser mais criterioso com relação aos custos operacionais, volume de vendas, etc. O modelo é mais barato que os demais, contudo o resultado do negócio pode ser pequeno. É importante estar com as expectativas alinhadas para não se frustrar depois”, comenta a consultora.
Vantagens da food bike
Embora a food bike apresente um espaço compacto, o modelo pode ser adequado para diversos segmentos. Entre os produtos comercializados, é possível incluir cafés, doces, tortas, churros, sorvetes, açaí, saladas, lanches, salgados em geral e bebidas.
“Outra possibilidade é utilizar a food bike para ações promocionais, como demonstração de produtos ou marcas, gerando um grande impacto visual”, acrescenta Rodrigo.
Essa flexibilidade faz com que o modelo seja atrativo para redes de franquia – tanto para as que já estão em funcionamento e podem adaptar-se ao novo formato quanto para negócios que podem surgir já nesta modalidade.
Outra vantagem da food bike é a mobilidade. “O modelo permite que o empreendedor consiga explorar diversos locais, aliando-se à conveniência de datas ou eventos específicos e buscando, assim, um foco maior na venda do seu produto ou serviço”, pontua Rodrigo.
Dessa forma, é possível levar o negócio até o público. A facilidade de mudança de endereço ajuda a aproveitar localidades com maior fluxo de pessoas e a testar novas regiões.
“Um ideia interessante é utilizar o modelo de food bike como extensão de uma loja tradicional. Por exemplo, um café com uma operação mais robusta num ponto comercial fixo, pode utilizar as bikes como extensão móvel do negócio e participar de eventos culturais ou corporativos”, sugere Caroline Bittencourt.
A consultora também aponta o valor do investimento inicial como uma vantagem para potenciais franqueados do modelo. Sem gasto com imóveis e com custo operacional reduzido, o capital para investir em uma food bike seria menor que em outros modelos.
“Contudo o investimento também depende do modelo de bicicleta: quanto mais caracterizada, maior o investimento”, frisa Caroline.
De acordo com dados do Sebrae, empresas especializadas de São Paulo cobram entre 5 mil reais a 22 mil reais por uma food bike customizada. Ainda de acordo com o Sebrae, um negócio neste formato pode faturar, em média, 4 mil reais por mês.
Desafios da food bike
Apesar da tendência ser promissora, é preciso acertar na estruturação e no modelo de negócios para conquistar um bom desempenho. Para adaptar o formato ao mercado de franquias, esse planejamento deve ser cuidadoso.
“Esse modelo tem uma operação simples e as vendas são limitadas. Como o sistema de franquias implica na remuneração do franqueador pelo uso da marca e transferência de know-how por meio de taxa de franquia e royalties, o negócio deve gerar receita suficiente para cobrir todos esses custos”, avalia Caroline.
Além disso, é importante avaliar os diferenciais do negócio antes de tomar qualquer decisão. O formato não deve ser o único trunfo da empresa: é preciso apostar em outras formas de ofertar valor para o segmento.
“Por ser uma forma de atuação bastante simples, a barreira de entrada para concorrentes é baixa e o negócio precisa ter diferenciais – seja pelo produto, pela oferta de serviços ou mesmo pela proposta de valor para o mercado”, reforça Caroline.
O interessado em investir nesse tipo de formato deve levar em conta a influência das condições climáticas, que podem interferir no fluxo de pessoas e, consequentemente, diminuir o número de vendas. “Com certeza em dias de chuva e/ou frio, o movimento do público consumidor é muito menor do que uma loja”, aponta a especialista.
A consultora lembra ainda que, por se tratar de um negócio no setor de alimentação, é indispensável que a bike esteja de acordo com as regras e normas da Anvisa. O deslocamento e o ponto de atendimento também devem ser programados de acordo com leis municipais.
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