O coronavírus causou uma crise em duas frentes: sanitária e econômica. Para evitar o avanço acelerado da doença, cidades do mundo realizaram ações de isolamento social, obrigando estabelecimentos comerciais a ficarem de portas fechadas.
Isto acabou desencadeando quedas no faturamento, demissões em massa, reduções salariais e falências em praticamente todos os setores, inclusive no de franquias.
Desempenho do franchising
A Federação Ibero-americana de Franquias (FIAF) realizou um estudo em março para avaliar os impactos da Covid-19 no sistema de franquias dos seguintes países: Argentina, Brasil, Colômbia, Costa Rica, Equador, Panamá, Guatemala, México, Peru, Uruguai, Paraguai, Portugal e Venezuela.
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De acordo com a pesquisa, 63% dos países tomaram medidas de restrição de horários e permissão apenas do serviço de entrega, enquanto 25% realizaram o fechamento total do comércio, com a quarentena obrigatória.
Dos setores de franquias, o de varejo foi o mais afetado, com redução em 50% do faturamento, seguido do setor de restaurantes e alimentação, com 38%. De todos os negócios, 67% tiveram zero vendas.
Já no relatório “Desempenho do Franchising Brasileiro – 1º Trimestre 2020”, realizado pela Associação Brasileira de Franchising (ABF), podemos ver que o faturamento do primeiro trimestre deste ano foi 0,2% superior ao do ano passado, com R$ 41,537 bilhões.
Vale lembrar que as medidas de quarentena começaram a ser realizadas em vários estados brasileiros a partir da metade de março, o que fez com que os dois primeiros meses do ano ainda não tivessem um impacto.
Foi justamente a partir de março que as quedas começam a ficar nítidas. Num comparativo de março deste ano com março do ano passado, metade das redes sofreram impacto superior a 25% em decorrência da quarentena. No comparativo entre as quinzenas de março, 71,6% das franquias tiveram alguma redução no faturamento na segunda quinzena de março, sendo que destas, 29,7% tiveram queda superior a 50%.
Necessidades de suporte e expectativas
Outro ponto importante levantado foi em relação às questões trabalhistas. De acordo com a pesquisa da FIAF, 63% dos países não possuem diretrizes que permitem tomar medidas como suspensão temporária do contrato ou adiantamento de férias. Aqui no Brasil, tivemos algumas medidas provisórias que ajudaram nestes quesitos: MP 927 (flexibilização das regras trabalhistas), MP 936 (redução de jornada e salários) e MP 944 (financiamento de folha de pagamento).
E o estudo também fez uma pesquisa para entender as principais necessidades de suporte esperadas pelas franquias. O primeiro lugar, com 40%, foi o relacionamento de união com as autoridades governamentais. Em segundo lugar veio a necessidade de apoio em questões trabalhistas, com 35%. E em terceiro lugar veio a necessidade de apoio em relação às questões jurídicas, com 10%.
De acordo com o estudo da ABF, em relação às expectativas de expansão, quase metade das franquias (47,7%) disseram ampliar ou manter os esforços.
Na implementação de ações no período de crise, temos o seguinte cenário, de acordo com o levantamento da ABF:
Estratégia | Já implementou | Pretende implementar | Ainda não foi considerado |
Entrega de serviços online | 89% | 8% | 3% |
Orientações e treinamentos sobre a COVID-19 | 86% | 6% | 7% |
Operação apenas com entregas | 86% | 11% | 3% |
E-Commerce e vendas online | 78% | 15% | 7% |
Promoções | 73% | 16% | 11% |
Formação de Comitê de crise | 69% | 7% | 24% |
Criação de novos produtos e serviços | 60% | 23% | 17% |
Antecipação de férias na franqueadora | 60% | 8% | 32% |
Desenvolvimento de novas tecnologias/inovação | 60% | 33% | 7% |
Ações solidárias | 57% | 20% | 23% |
Suspensão de fundo de marketing | 52% | 9% | 38% |
Parcelamento de royalties | 49% | 14% | 36% |
Suspensão de royalties | 37% | 4% | 59% |
Redução de Royalties | 30% | 11% | 59% |
Redução de fundo de marketing | 29% | 7% | 64% |
Demissão de equipe na franqueadora | 28% | 7% | 65% |
Encerramento de unidades | 19% | 16% | 65% |
Repasse de unidades | 9% | 24% | 67% |
Fonte: Desempenho do Franchising Brasileiro – 1º Trimestre 2020 – ABF
Como podemos ver, o coronavírus fez muita coisa precisar mudar. A migração das vendas presenciais para as vendas online e delivery, a presença mais forte nos meios digitais, o replanejamento financeiro, com redução no faturamento e redução nos gastos, a necessidade de negociações e por aí vai.
Não deixe de criar estratégias para este momento e para o pós-Covid, pois, se estas forem bem trabalhadas, tudo vai passar e as coisas irão retomando aos poucos.