A pandemia do novo coronavírus transformou os hábitos de consumo em todos os setores. E isso inclui a forma de se alimentar.
Em um contexto em que o cuidado com a saúde é imprescindível, as medidas de isolamento social e a preocupação com o contágio afastaram os consumidores de restaurantes, padarias e outros estabelecimentos.
Para medir esses impactos, a consultoria especializada em food service Galunion, em parceria com o Instituto Qualibest, entrevistou mais de 1 mil pessoas no início de abril de 2020. Dentre os entrevistados, 96% estão em cidades com quarentena e 83% estão em isolamento social.
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A pesquisa, intitulada “Alimentação na pandemia – como a Covid-19 impacta os consumidores e os negócios em alimentação”, apurou que segurança, saúde e solidariedade são as principais preocupações do consumidor neste momento.
A seguir, você confere alguns dos destaques da pesquisa e também fica sabendo como franquias de alimentação estão navegando neste cenário.
Cozinhar em casa é preferência
Nesse estágio da pandemia, preparar comida em casa tem sido preferência para a maior parte das pessoas. De acordo com a pesquisa, 93% dos entrevistados estão cozinhando em casa.
Das pessoas que já tinham o hábito de cozinhar em casa, 44% afirmam que aumentaram a frequência dessa atividade. Já 4% dos entrevistados não tinham esse costume e começaram a cozinhar em casa com a pandemia.
O abastecimento de mantimentos também mudou: 31% dos entrevistados dizem que aumentaram as compras de alimentos para preparar em casa e 15% começaram agora a pedir entrega a domicílio de compras do supermercado.
Cozinhar em casa é a forma de alimentação mais segura neste momento, de acordo com 74% dos entrevistados.
Delivery como alternativa
Quando o assunto é a alimentação “fora de casa”, o delivery é apontado como o que mantém a “chama acesa” do setor.
17% dos entrevistados acredita que pedir comida pronta em casa é uma forma segura de abastecimento.
De acordo com a pesquisa, 13% das pessoas aumentaram a frequência dos pedidos de delivery. Já 5% afirmaram que não tinham esse hábito antes, e o adotaram durante a pandemia.
Entre as franquias, o delivery tem sido um importante recurso para manter as operações ativas. Redes que já trabalhavam com o sistema saíram na frente. Mas, mais empresas devem aderir às entregas, como afirma Gabriel Concon, sócio-diretor da Pizza Prime:
“As redes que antes não atendiam via delivery, devem se adaptar a esse modelo, tentando levar ao máximo a experiência que o cliente tem no restaurante para dentro da casa dele. Detalhes como embalagem, tempo de entrega, atendimento do entregador, além da qualidade do alimento, são pontos essenciais para serem pensados pelo restaurante.”
A Pizza Prime, rede de franquias de pizzarias, já trabalhava com foco em delivery antes da pandemia. No novo cenário, a marca teve apenas que se adaptar às novas regras de higienização e de segurança para minimizar riscos de contágio.
Higiene e segurança são prioridade
Falando nas novas necessidades de higienização e segurança, essas surgem como a grande prioridade dos consumidores que pedem comida em casa. Entre os entrevistados:
- 56% se preocupam com como a comida é preparada;
- 19% se preocupam com como a comida embalada;
- 17% se preocupam com como a comida é transportada/entregue.
A escolha das embalagens em que os pedidos do delivery são acomodados é bem importante nesse momento de pandemia. 61% dos entrevistados preferem receber embalagens que possam ser higienizadas, por exemplo.
Na hora de decidir em que restaurante comprar, o principal critério de 54% dos consumidores é higiene e limpeza. Práticas de higiene e limpeza evidentes e uso de máscaras e luvas por funcionários da cozinha são fatores que despertam a confiança no estabelecimento, indicados por 73% e 59% dos consumidores, respectivamente.
Diante de tudo isso, é fundamental que os restaurantes estejam atentos às recomendações de higienização e segurança de instituições como a Organização Mundial da Saúde (OMS), Ministério da Saúde e Anvisa.
“Os cuidados no preparo são reforçados com uso de EPI’s dos funcionários, reforço da higienização dos insumos na produção e também com as embalagens. Os entregadores são orientados e treinados para a entrega sem contato físico, utilização de álcool em gel e máscaras, pois são maneiras de se proteger e proteger os clientes, passando mais segurança para ambos”, destaca Camila Miglhorini, CEO e fundadora do Mr Fit, rede de franquias de fast food saudável.
Restaurantes de confiança
No competitivo universo das plataformas de delivery, alguns restaurantes saem na frente. E, com a pandemia, a escolha das lojas se tornou ainda mais criteriosa.
A pesquisa da Galunion apurou que confiança é palavra de ordem: 42% dos entrevistados pedem comida em restaurantes nos quais confiam.
Para Rodrigo Arjonas, sócio-fundador da rede de hamburguerias Busger, o delivery pode sim ser rentável – desde que a empresa tenha construído sua reputação. O especialista aponta que:
“A marca precisa estar consolidada, ser lembrada quando as pessoas pensarem em algum tipo de produto. Não basta estar em todas as plataformas de delivery e contar que só pelo fato das pessoas trafegarem nelas será possível vender. Infelizmente não funciona assim! As pessoas lembram das marcas mais relevantes e com as quais tiveram uma boa experiência anterior.”
Nesse sentido, as franquias podem se destacar. De acordo com a pesquisa, 38% dos entrevistados consideram ter uma marca reconhecida e de boa reputação como um fator de confiança. Além disso, 36% afirmam confiar em redes de restaurantes e lanchonetes com várias unidades.
Higiene e limpeza, cozinha sem aglomerações e avaliações dos estabelecimentos em aplicativos também foram apontados como fatores que despertam confiança.
De olho nas promoções
Logo depois da confiança nos estabelecimentos, as promoções aparecem como maior motivador para a compra no delivery.
20% dos entrevistados na pesquisa disseram pedir delivery motivados por promoções e descontos, independente do restaurante. Já 13% dos respondentes buscam pedir em estabelecimentos que oferecem frete grátis.
Mas, não é só o preço que impacta na decisão do consumidor: ações de solidariedade estão bastante valorizadas nesse período de pandemia.
Quando perguntados o que motivaria a comprar mais refeições, as práticas mais votadas foram:
- 43% destinar parte do valor da compra a pessoas carentes e afetadas pelo coronavírus;
- 29% ganhar um desconto (ao pedir a entrega) para usar quando o restaurante voltar a abrir;
- 27% receber um frasco individual de álcool em gel com o pedido.
Para Camila Miglhorini, do Mr Fit, uma boa estratégia para o restaurante é reforçar a qualidade e a segurança de consumir o seu produto:
“Para atrair o consumidor até o restaurante é fundamental disseminar informações relevantes, como a preocupação da empresa nos cuidados do preparo. As promoções devem focar em quem está em casa. O empreendedor deve se colocar no lugar do cliente e se perguntar por que a pessoa compraria seu produto. E, com a resposta, criar sua estratégia.”
Rodrigo Arjonas acredita que é importante tomar cuidado na hora de planejar promoções para não condicionar a compra dos consumidores a essas ocasiões. Pensando nisso, a Busger adotou a estratégia de baixar os preços em cerca de 20% no delivery durante esse período de pandemia. E os resultados têm sido positivos: algumas unidades já registraram uma alta de até 100% nos pedidos para entrega.
“Acho mais viável ter um preço mais acessível e convidativo para que as pessoas se sintam livres para consumir mais vezes. Os nossos clientes mesmo estavam acostumados a consumir nossos burguers uma vez por semana. Agora, temos clientes consumindo até três vezes por semana”, conta o empresário.
Na Pizza Prime, a estratégia foi oferecer frete grátis: “no início da pandemia, zeramos nossas taxa de entrega como incentivo para as pessoas ficarem em casa e ainda sim terem um momento especial”, conta Gabriel Concon.
Ainda não atua com delivery e quer implementar esse sistema no seu negócio? Confira dicas para começar a oferecer entregas seguras aos seus clientes!