Se a gente for olhar no dicionário, a palavra “investimento”, vemos que ela é definida como “aplicação de capitais com finalidade lucrativa”. Dessa forma, quando qualquer pessoa ou empresa resolvem fazer uma aplicação financeira, o grande objetivo é aumentar o capital. Porém, este aumento não é uma regra, e sim uma expectativa, visto que, por conta dos riscos, há chances do investidor sair com menos dinheiro do que entrou ou até perder tudo.
A relação Risco x Retorno, conforme já trouxe neste outro artigo é quem vai ditar o andamento do investimento. O risco sempre existe, porém, a sua intensidade é que pode variar. E como prêmio para quem está disposto a correr maior risco, a rentabilidade esperada é a maior.
Abrir uma franquia nada mais é do que um investimento, afinal, o franqueado deve pagar a taxa de franquia, custos para abertura de empresa, equipamentos, marketing, e por aí vai. E, na curva Risco x Retorno, vale reforçar que negócio próprio é um dos investimentos de maior risco do mercado, e, justamente por isso, é o que pode gerar os maiores retornos.
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Para amenizar os efeitos do alto risco, uma série de ações devem ser feitas ao longo do tempo. Do ponto de vista do investidor, uma das primeiras etapas é se organizar financeiramente para ter recursos disponíveis para a compra da franquia. A etapa seguinte, que pode até caminhar em paralelo com a primeira, é a de análise da viabilidade econômica da franquia. É esta a etapa que vai projetar os números do negócio, de modo a mostrar se ele tende a ser lucrativo ou não.
Confira abaixo as etapas para a realização do estudo de viabilidade econômica:
1) Definições e filtragem
A primeira etapa é a de fazer algumas definições, com base em estudos e experiências. Defina por qual segmento de franquia você se interessa, avalie as opções de marcas existentes dentro deste segmento, e, a partir disso, selecione as opções que você achou mais interessante. Tente ficar com, no máximo, três opções. Lembre-se que existem 2.877 redes de franquia no Brasil, de acordo com a Associação Brasileira de Franquias (levantamento de 2018). Esta etapa de filtragem é fundamental, para que você não tenha que fazer uma quantidade gigantesca de análises!
2) Investimentos
Uma vez levantada as opções, é hora de levantar quais serão os investimentos necessários. Levante tudo que sairá do seu bolso no momento inicial: taxa de franquia, contratações, treinamentos, marketing, abertura de CNPJ, entre outros. Separe-os entre investimentos iniciais e adicionais, visto que, alguns acontecerão apenas uma única vez no início, enquanto outros aparecerão em outras etapas. A partir do valor encontrado, avalie se você conseguirá arcar 100% com recursos do seu próprio bolso, ou se você precisará de recursos de terceiros.
3) Custos
Divida os custos da sua franquia em fixos e variáveis. Lembrando que os custos fixos são aqueles que serão todos os meses iguais, independente das vendas. Já os custos variáveis são aqueles que variam conforme o volume de vendas. Não deixe nenhum custo passar batido!
4) Previsões
Esta é uma das etapas mais desafiadoras da avaliação econômica da franquia, porque serão necessárias estimativas e previsões de receitas. Para isso, você precisará fazer uma estimativa das vendas, seja por quantidade de produtos/serviços vendidos, seja por meio de faturamento. Para facilitar este processo, busque referências e até um auxílio do franqueador, visto que ele já tem o know-how do modelo de negócio.
5) Impostos e taxas
Nesta etapa, é importante você fazer o levantamento de taxas que incidem em relação ao seu faturamento. Encontre taxas de impostos, royalties, comissões e meios de pagamentos.
6) Taxa Mínima de Atratividade (TMA)
Esta é a primeira etapa que traz um dos resultados da análise da viabilidade econômica. Estamos falando do cálculo da Taxa Mínima de Atratividade, a TMA. Ela expressa a rentabilidade mínima que se espera para o negócio, sendo calculada em função do Custo de Capital Próprio (CMPC) do Projeto, da inflação e do risco.
O CMPC considera o custo do dinheiro que financiará o projeto, podendo ser capital próprio e/ou capital de terceiros.
7) Fluxo de caixa
Com todos os passos anteriores definidos, podemos fazer a análise da viabilidade do negócio, em relação as suas projeções. Esta análise é feita a partir do estudo do fluxo de caixa, que é uma demonstração das entradas e saídas, em conjunto com investimentos, ao longo do tempo.
Apesar de estarmos trabalhando com projeções, é de extrema importância que os números estejam mais coerentes possíveis, para estarem o mais próximo da realidade. Caso contrário, o estudo representará um cenário nada condizente com a realidade. Lembre-se também que quanto maior o período do estudo futuro, maiores as incertezas sobre as estimativas.
O chamado fluxo de caixa livre é utilizado para o cálculo dos três grandes indicadores de viabilidade. Ele corresponde ao saldo resultante entre a subtração das receitas pelos gastos, em cada período.
8) Valor Presente Líquido (VPL)
O primeiro indicador que apresentamos, fruto do fluxo de caixa, é o Valor Presente Líquido, o VPL. Ele nos mostra qual o retorno do negócio acima da TMA, em valores monetários de hoje. Basicamente, ele traz os fluxos de caixa futuros para o presente. O importante é que o seu valor seja positivo, o que mostra que o projeto é viável.
9) Taxa Interna de Retorno (TIR)
A TIR representa a taxa para a qual o VPL do projeto é igual a zero. Para que o projeto seja viável, a TIR deve ser maior do que a TMA.
10) Payback
O payback é o indicador de quanto tempo o investimento inicial do projeto será recuperado. O cálculo pode ser feito na forma simples e na forma descontada. Nesta última, considera-se o valor do dinheiro ao longo do tempo
11) Cenários
Conforme estamos especulando e projetando o futuro, não temos nenhuma garantia de que os números que consideramos serão consolidados. Para ter uma maior segurança na hora de tomar a decisão de investir ou não, é interessante trabalhar com cenários. Você pode trabalhar com três cenários: Pessimista, Realista e Otimista. Varie, entre eles, a projeção de vendas, custos e investimentos.
Feito este estudo, você terá algo mais sólido para mostrar se deve seguir ou não com o investimento na franquia. Mas lembre-se, não basta apenas fazer o estudo e parar por aí. Todo o planejamento, acompanhamento e ações devem ser feitos de forma cíclica.