Ao entrar no mundo do empreendedorismo, você acaba sendo apresentado para alguns termos e nomes que antes não faziam parte do seu dia a dia, mas que para poder gerir o seu negócio é preciso conhecer, não é mesmo? No mercado de franquias acontece o mesmo.
Aliás, algum desses termos muitas vezes chegam a causar dúvidas no investidores, pois contam com detalhes que precisam ser pensados na hora de gerir uma franquia. Esse é o caso, por exemplo, do capital de giro.
Você sabe o que ele representa e para que serve o capital de giro? Essa matéria tem por objetivo tirar todas as suas dúvidas sobre o assunto. Pegue o papel e a caneta e anote tudo para ter sucesso!
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O que é capital de giro?
Para começar, você precisa saber o que é o capital de giro, certo? Pois como seu próprio nome já diz, ele é um capital destinado a garantir o giro, ou seja, é ele que garante a continuidade do negócio.
Por exemplo, empresas que vendem a prazo, precisam de capital para fazer a reposição de estoque ou para pagar contas diárias, pois o dinheiro referente àquela venda só estará disponível depois do período de alguns dias. É esse dinheiro que financia o dia a dia da empresa.
“Em outras palavras, o capital de giro é o recurso em caixa para cumprir com as obrigações do cotidiano”, explica Marcelo Lico, CEO da Crowe Auditoria e Consultoria no Brasil.
Mas, como deve ser feito o seu cálculo? Falando tecnicamente, o capital de giro deve ser calculado por meio de uma fórmula, onde o resultado é o valor de diferença entre o ativo circulante, ou seja, o dinheiro em caixa, aplicações financeiras e contas a receber, e o passivo circulante, que são fornecedores, contas a pagar, empréstimos etc.
“Porém, para ter esse valor correto, é preciso que a empresa faça uma boa gestão contábil e financeira, pois é preciso que as informações estejam muito claras. Caso contrário, o resultado não será real”, conta Danilo Pinheiro, consultor da Franquear.
Aliás, o mundo ideal aqui é que a empresa tenha capital de giro suficiente para cobrir pelo menos três meses dos seus gastos.
Importância do capital de giro para a empresa
Agora que você já sabe o que é o capital de giro, é necessário entender, também, o motivo de ele ser tão mencionado em empresas. “O capital de giro é fundamental para qualquer empreendimento, seja ele de qualquer segmento, pois é ele que garante a continuidade do negócio e proporciona ao empresário a segurança em momentos de instabilidades, como crises, inadimplências, entre outros”, analisa Pinheiro.
Por isso, se o empresário não mantém uma reserva de capital de giro, ele mantém um negócio sempre em uma situação de instabilidade e, na primeira situação de dificuldade, acaba ficando endividado, não conseguindo pagar as contas e os fornecedores e, a partir daí, pode virar uma bola de neve.
“Sem o capital de giro, a empresa não tem recursos para produzir e cumprir com as suas obrigações. De certa forma, ele é o pulmão para a continuidade do empreendimento”, avalia Lico.
Para franquias, sua importância é a mesma, uma vez que elas são negócios como qualquer outro, já que, quando olhamos pela ótica da gestão de empresa, não há diferença. O único ponto a ser observado é que se o franqueador fez uma boa formatação do seu negócio, com todos os estudos financeiros necessários, ele já consegue indicar um valor inicial de capital de giro para que o franqueado tenha um início mais tranquilo.
“Com a franquia em funcionamento o franqueado terá que continuar a gestão da sua unidade, mantendo sempre uma reserva de capital de giro para ficar seguro”, recomenda Pinheiro.
Lembre-se, sempre, que uma franquia é similar a qualquer modelo empresarial, independentemente do tipo de atividade. Por isso, o franqueado deve se planejar bem e estar alinhado com o franqueador no sentido de estabelecer fluxos de aquisições de produtos e pagamentos desses produtos e das taxas de franquias. “Além disso, o franqueado deve conhecer muito bem o nicho que irá explorar”, diz Lico.
Fique de olho!
Mesmo com isso em mente, é preciso ficar atento a alguns pontos para que a sua franquia não seja surpreendida. A atenção principal, como já foi dito, é fazer a gestão correta do seu negócio, para que você tenha dados reais e possa calcular seu capital de giro de forma correta. Dessa forma, mesmo que aconteça um momento de turbulência, você terá fôlego para passar por ela.
Outro ponto importante é saber que existem linhas de crédito destinadas a capital de giro. “Porém, é preciso não confundir uma coisa com outra: a parte benéfica de buscar uma linha para capital de giro só acontece quando há uma oportunidade de fazer um investimento que trará benefícios significativos para sua empresa, e quando vale a pena arcar com o valor mensal que será pago por esse empréstimo”, explica Pinheiro.
Isso porque essas linhas não podem ser encaradas como uma opção que a empresa busca quando o dinheiro acaba, pois, assim, o empreendedor pode entrar de vez na bola de neve de endividamento, colocando o negócio em risco.
Além disso, fique sempre atento aos números. Entenda que ter um fluxo de caixa realizado e projetado é muito importante para manter o sucesso do negócio. “O orçamento deve ser sempre elaborado e monitorado mensalmente, além de você ter de controlar os custos e fazer acompanhamento das margens de lucro com frequência”, aconselha Lico.
Por fim, tenha sempre em mente que capital de giro não existe apenas quando a empresa inicia suas operações. Ele é necessário durante toda a vida da empresa, e esse é um dos erros que muitos empresários cometem: usar todo o dinheiro que entra em caixa para, por exemplo, comprar estoque demais. “Assim você compromete o dinheiro que deveria estar disponível para garantir a continuidade saudável da empresa”, finaliza Pinheiro.
Muito importante sempre levar em conta para se elaborar o valor ideal do capital de giro correto:
– Prazo de parcelamento das vendas ao consumidor final x prazo de pagamento das obrigações aos fornecedores. Pois hoje a maioria das lojas vendem em 10 vez, mas compram produtos em 4 a 5 vezes.
– Lembre-se que nem tudo que você compra irá girar, então essa conta fica pior e tem que ser prevista, principalmente se você vem comprando em maior quantidade que vende. Então esse % deve ser estudado e colocado no papel e começar a fazer a previsão futura.
– Um erro grave é não reservar 1/12 avos do aluguel+ taxas dos estabelecimentos nos shoppings, que sempre vem em dobro em dezembro. Ex: se o aluguel no shopping é R$ 50mil mês já com todas as taxas e condomínio, então você deve reservar mensalmente R$ 54.166,00, já garantindo o mês de dezembro em dobro. Cálculo R$ 50mil x 13 meses = 650mil ano / por 12 meses = R$ 54.166,00 mês. O mesmo vale para o 13° salário e férias. Assim, você não conta com as vendas mágicas de dezembro para ter dinheiro em caixa da empresa para pagar essas contas.
Todas essas contas citadas acima, são contas “invisíveis” a primeira vista e quem não se programa, pode ter surpresas quando a venda não está crescente. Ou pior, quanto mais você cresce, mais fica sem capital de giro e passa a se complicar.