Como as franquias de alimentação estão lidando com a reabertura dos restaurantes

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franquias de alimentacao reabertura
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O setor de alimentação foi bastante prejudicado pela crise, principalmente na fase mais restritiva da quarentena.

De acordo com um levantamento da ABF e da companhia de pesquisas AGP, em abril, as franquias de alimentação registraram queda de 52% no faturamento, em comparação com 2019.

Mas agora algumas cidades já estão flexibilizando a quarentena. E, com isso, as redes que atuam com alimentação também se preparam para a retomada.

Franquias de restaurantes, bares, lanchonetes e outros nichos deste mercado estão gradualmente abrindo as portas depois de meses sem receber os clientes em seus salões.

Embora muitas delas estivessem operando com sistema de delivery e retirada, retomar o atendimento presencial tem gerado muitas expectativas, principalmente para as redes que têm nesse formato a principal fonte de receita.

Porém, como o coronavírus ainda é uma ameaça no país, a reabertura das unidades criou um cenário desafiador para as franquias de alimentação.

De acordo com uma pesquisa realizada pelo instituto de pesquisa Hibou, mesmo com a reabertura gradual e todas as medidas de higiene e segurança que diminuem o contágio do coronavírus, 58% dos brasileiros só irão a restaurantes se tiverem certeza de que não vão encontrar nenhuma aglomeração.

O instituto também apurou que a pandemia deixou os consumidores ainda mais criteriosos com os locais onde consomem. Cerca de 88,9% afirmaram que estão mais atentos sobre como as empresas cuidam da limpeza e higiene de seus espaços e da manipulação de seus produtos.

Conversamos com algumas redes de franquias de alimentação para entender como elas estão lidando com esses novos desafios e o que esperam desta etapa de retomada do atendimento presencial.

Percepção e preparação para a reabertura

Com a flexibilização, as franquias de alimentação estão fazendo novos ajustes para atrair e recepcionar o público neste momento.

A Mania de Churrasco!, por exemplo, tem disponibilizado luvas descartáveis para o momento do manuseio de talheres do buffet, limpa as mesas com álcool depois de cada uso e reestruturou o ambiente de atendimento para manter o distanciamento social.

Além disso, os colaboradores passam por medição de temperatura, respondem questionários sobre seu estado de saúde diariamente e devem lavar as mãos a cada 15 minutos, no máximo.

Todos os cuidados reduzem as possibilidades de contaminação e atendem as especificações sanitárias exigidas.

Mas, apesar de a rede estar otimista com a retomada, enxerga um longo trajeto até a “normalização”.

Marcelo Cordovil, diretor de expansão da Mania de Churrasco! comenta: “Enxergamos uma retomada dura pela frente. Entendemos que as restrições impostas pelos órgãos públicos acabam diminuindo o potencial de vendas dos restaurantes e que as pessoas ainda têm receio quanto a possibilidade de contaminação, o que os afasta dos restaurantes. Isso tudo deve fazer com que a retomada aconteça de maneira gradativa”.

Quem também compartilha da mesma opinião é Gabriel Concon, sócio diretor da rede de pizzarias Pizza Prime.

Mas apesar de acreditar que os brasileiros vão voltar a frequentar os restaurantes aos poucos, Concon aposta em um fortalecimento de canais como o delivery e o take away.

“Acredito que, com o isolamento social, as pessoas valorizaram mais os momentos em casa e viram que a experiência de comer em casa também pode ser muito bacana”, afirma.

No caso da Pizza Prime, que já atuava com delivery, as mudanças diante da pandemia foram direcionadas principalmente para a maior preocupação com a higiene e a limpeza nas cozinhas e na entrega.

“Acredito que quem já praticava o delivery lidou com esse ‘novo normal’ com um pouco mais de facilidade. Porém, mesmo assim, tivemos que fazer adaptações, como usar máscaras e otimizar a higiene em todos os momentos, além de adotar o distanciamento na hora de entregar a pizza na casa do cliente”, explica.

A franqueadora ainda intensificou o trabalho de marketing e divulgação para impulsionar as vendas das unidades. E deu muito certo: a Pizza Prime cresceu 27% e abriu 10 lojas nos últimos meses.

A Rei do Mate também tem aproveitado o período de crise para investir e colher bons frutos.

Segundo João Baptista da Silva Junior, diretor de franquia e expansão da marca, a pandemia deixou as pessoas mais abertas a mudanças. Isso, de acordo com o executivo, abriu oportunidades para que franqueadoras e franqueados pudessem investir em novos treinamentos e ferramentas que tornem as empresas mais competitivas no pós-crise.

“Esses meses não ficamos parados. Aproveitamos para nos estruturar e agilizar a implantação de projetos que estavam na nossa agenda, como a integração de canais entre a loja física e a digital. Também trabalhamos o reposicionamento da marca e layout de loja para um novo normal e um novo consumidor”, revela.

Entre essas medidas, está a possibilidade de comprar os chás da marca pela internet, separação de até 2 metros entre as mesas das unidades e orientação para que as equipes troquem roupas e calçados pessoais ao chegar nas lojas.

“Com a abertura gradual do varejo, apesar das restrições de distanciamento social impostas pelos estados e municípios, as coisas estão retomando seu rumo de forma gradual. Acreditamos que no primeiro semestre de 2021 tudo ficará mais estabilizado”, projeta o diretor da Rei do Mate.

O que deve permanecer no pós-coronavírus

Mesmo com a reabertura, as franquias de alimentação devem manter algumas das estratégias que renderam bons resultados durante o período mais crítico do isolamento.

As principais, no caso do mercado de alimentação, tem sido o delivery e as compras pela internet (seja no modelo de encomenda e retirada, ou para entrega em casa).

Isso, porque a tendência é que essas práticas de venda continuem fazendo sucesso mesmo no pós-crise.

O relatório Consumidor e Força de Trabalho da Salesforce indica que 90% dos brasileiros estão mais propensos a realizar a compra online de produtos essenciais, mesmo depois que o coronavírus desacelerar.

A pesquisa também aponta que 33% dos brasileiros já enxergam as compras com retirada nas lojas como uma prática habitual, e o delivery sem contato (em que o entregador deixa o produto na porta do cliente) foi utilizado por 46% dos entrevistados.

Atenta a essas tendências, a Mania de Churrasco! vai incorporar o delivery como parte permanente da operação.

Marcelo Cordovil explica: “as pessoas vão voltar a frequentar as praças de alimentação, bares e restaurantes, sempre se cercando de todos os cuidados. Mas, com a crise de saúde, elas já testaram o delivery e incorporaram esse tipo de consumo no dia a dia. Essa é uma realidade importante para o nosso negócio e, por isso, o delivery será mantido como serviço nos nossos restaurantes”.

As vendas online também passam a ser uma frente perene na Rei do Mate.

“Essas transformações já estavam acontecendo no varejo, o que a crise da Covid-19 fez foi acelerar essas transformações. A partir de agora, a experiência omnichannel passa a ser uma realidade de todo varejo, inclusive do segmento de alimentação”, finaliza João Baptista.

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