Abrir um negócio do zero ou entrar no mundo do franchising e abrir uma franquia? Quem tem vontade de entrar no mundo dos negócios, sonha em administrar uma empresa e estar à frente de um empreendimento, frequentemente fica em dúvida sobre qual é o modelo de investimento que mais combina com o próprio perfil.
Pesquisar e conhecer detalhes do que significa ser dono de uma empresa, ou o que é ser associado à uma franquia, é fundamental para escolher a melhor opção para você. Mesmo com dinheiro no bolso para apostar em uma franquia ou criar uma marca, o futuro empreendedor precisa colocar na balança todos os pontos positivos, desafios, conhecer características de mercado e estudar bem a região em que se quer abrir um negócio ou uma franquia.
Bianca Zeitoun, consultora da TEAR Franchising, comenta que uma grande dúvida permeia a mente de muitos empreendedores: quais são as principais diferenças entre abrir um negócio próprio e se tornar um franqueado?
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A especialista dá algumas dicas aos futuros empresários: “enquanto um negócio próprio permite total liberdade criativa de formatação e estratégia, a franquia tem regras claras e determinadas que precisam ser seguidas”. Segundo Bianca, uma conversa mais aprofundada com cada empreendedor se faz necessária para detectar o perfil de cada um, junto com a afinidade de segmento, para auxiliar na escolha de qual modelo é melhor para investir.
Bianca complementa que, ao investir em um modelo de franquia, o empreendedor enfrentará riscos menores. Segundo a especialista, a taxa de mortalidade de franquias nos primeiros dois anos gira em torno de 4% a 7%, enquanto em negócios próprios a mortalidade chega a 30%.
Franquia ou negócio próprio: dados de mercado
Uma pesquisa realizada pelo DataSebrae indica que montar o próprio negócio é o quarto sonho mais recorrente entre os brasileiros: 34,5% deles pretendem empreender.
Ainda de acordo com o DataSebrae, estima-se que o Brasil tenha cerca de 24,9 milhões de empreendedores, que se dividem em empresários, potenciais empresários e produtores rurais. Os empreendedores respondem por parte considerável do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Dados do IBGE informam que entre 2001 e 2014 o número de empreendedores no país cresceu 22%, subindo de 20,4 milhões para 24,9 milhões.
A pesquisa “Os Donos de Negócio no Brasil”, informa que o estado de São Paulo concentra grande parte dos empreendedores brasileiros, cerca de 4,9 milhões. O estudo indica outras regiões que possuem um grande contingente de pessoas com um empreendimento: Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia e Rio Grande do Sul.
Os dados do mercado de franquias também impressionam. Em levantamento realizado pela Associação Brasileira de Franchising (ABF), o número de unidades de franquias em operação no país subiu de 138.343 para 142.593, um crescimento de 3,1%. As cidades de Rio de Janeiro e São Paulo concentram o maior número de unidades franqueadas no país, cerca de 13% e 6,6%, respectivamente.
O mesmo levantamento indica que no país existem cerca de 3 mil marcas franqueadas, que oferecem opções de investimento em variados segmentos do setor, como: Alimentação; Casa e Construção; Comunicação, Informática e Eletrônicos; Entretenimento e Lazer; Hotelaria e Turismo, entre outros.
Em 2016, o setor de franquias fechou o ano com faturamento de cerca de 150 bilhões de reais, um registro em alta nominal de 8%, em comparação com 2015, que marcou faturamento de 8,3%. O número de empregos criados também aumentou, cerca de 0,2%. O setor de franchising é responsável por mais de 1,19 milhão de empregos diretos, como registrado no ano passado.
Os segmentos que mais cresceram em 2016, em relação a 2015, foram Saúde, Beleza e Bem Estar, com 15,5%; Serviços Automotivos, cerca de 11,6%; e Moda, que registrou aumento de 10,4%.
O presidente da ABF, Altino Cristofoletti, comentou em uma coletiva de imprensa realizada no início deste ano, que mesmo em um cenário econômico desafiador, o franchising brasileiro segue com desempenho promissor.
“Atribuímos isso, principalmente, ao profissionalismo do setor, à flexibilidade e à agilidade para tomar as medidas necessárias de corte de custos, aumento na capilaridade, ganhos de eficiência e reconquista de um consumidor que começa, lentamente, a recuperar sua confiança”, pontua Altino.
Franquia ou negócio próprio: vantagens e desafios
Ao se tornar franqueado de uma rede, o investidor aproveitará de algumas vantagens com as quais não poderia contar em um negócio próprio.
Bianca explica que marcas que possuem franquias já viveram uma curva de aprendizado que o franqueado não precisará viver. Outro ponto positivo é que o empreendedor já entrará no mercado aliado a um negócio estruturado, sabendo quais produtos e serviços têm maior aderência ao mercado.
Outra vantagem de se tornar um franqueado é o networking: no dia a dia da administração e operação do negócio, o empreendedor entrará em contato com outros franqueados, trocando experiências e conhecimentos, além de contar com o suporte da franqueadora.
Mas, na administração de uma unidade franqueada, nem tudo é fácil. As franquias também apresentam desafios e exigem jogo de cintura do empreendedor. “Os desafios são seguir as regras e manter o padrão, administrar o relacionamento franqueado e franqueadora, de modo que a relação seja sempre baseada no ganha-ganha”, complementa Bianca.
Uma pesquisa realizada pelo DataSebrae para conhecer o perfil do empreendedor e futuro empreendedor brasileiro, indica que o percentual da população adulta do país que se julga com conhecimento e aptidão para empreender, alcançou 58,3%. O número de quem acredita que tem habilidade e experiência necessárias para iniciar um novo negócio foi superior ao observado em 2014 (50%).
Para quem tem ideias inovadoras em mente, uma boa estratégia de mercado e persistência, abrir um negócio próprio pode ser uma boa opção. Mergulhar no mercado e abrir uma empresa do zero requer coragem, visão e, em alguns casos, experiência.
Bianca declara que um negócio próprio, se bem formatado, pode inclusive expandir e se tornar franqueável, mas estudar e conhecer conceitos de administração, gerência, finanças e marketing é essencial para o sucesso de qualquer negócio.
“O grande gargalo é justamente que os empreendedores não estudam o suficiente, abrem negócios pelo feeling e acabam errando nos cálculos de demanda, posicionamento de marca e produto, abrem pontos de venda em locais com baixo fluxo ou em pontos caros demais em shoppings“, pontua a consultora.
Outro ponto positivo é que um negócio próprio pode alterar sua rota a qualquer momento, é mais flexível e adaptável, permitindo que o empreendedor deixe fluir sua criatividade.
O DataSebrae indicou que, entre os fatores que contribuem para o empreendedorismo brasileiro, estão o acesso à informação e a percepção do povo sobre sua própria capacidade empreendedora. Ambos os pontos positivos são mais citados em pesquisa realizada no Brasil, do que em países como China, Alemanha e Estados Unidos.
Por outro lado, o DataSebrae identificou como principais pontos que atrapalham os empreendedores do país são a falta de políticas governamentais e falta de capacitação – um desafio para quem sonha em ser dono do próprio negócio.
Como modelos de negócio diferentes exigem posturas diferentes no mercado e diante da administração, perfis diferentes são exigidos também para um modelo de franquia ou para criação de uma empresa.
Para as franquias, Bianca recomenda que o perfil seja de um empreendedor disposto a assumir riscos, que estão inerentes a qualquer tipo de negócio mas, acima de tudo, saiba seguir regras.
Para abrir um negócio próprio, é importante que o empreendedor seja determinado, resiliente, persistente e multitarefas. Abrir um negócio do zero requer que o investidor esteja à frente de todas as áreas da empresa, pelo menos no início do negócio.
Independente da forma escolhida para começar um novo negócio, tanto em franquia quanto em empresa própria, o empreendedor não pode deixar de contar com um plano de negócios cuidadoso.
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