Para quem começa a pesquisar sobre franchising, a taxa de royalties é um dos pontos que mais gera dúvidas. Quando a taxa deve ser paga? Para que serve? Isso vai impactar o lucro do negócio? Não é preciso se assustar: entender todas essas questões e compreender como funcionam os royalties em franquias não é um bicho de sete cabeças – e é algo indispensável para investir na franquia com segurança.
A cobrança de royalties em franquias tem suas especificidades conforme cada rede franqueadora, que podem cobrar valores bastante diferentes entre si, com bases de cálculo variadas, e até com uma frequência diferente da mais comum, que é mensal. Por conta dessa diversidade do mercado, essa taxa pode causar alguma confusão, especialmente em empreendedores de primeira viagem e pessoas que estão entrando agora no universo de franchising.
Royalty é a remuneração paga ao detentor de uma marca ou de um bem para que se tenha direito de uso desta marca ou bem. No caso de franquias, a taxa é paga pelos franqueados à franqueadora, remunerando a rede pelo uso da marca pela unidade franqueada e pelo suporte recebido. Como define a Lei de Franquias (Lei nº 8.955/94), os royalties são definidos como a “remuneração periódica pelo uso do sistema, da marca ou em troca dos serviços efetivamente prestados pelo franqueador ao franqueado”.
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“Para o franqueado é um valor correspondente à manutenção da exploração de uso da marca e à garantia de suporte oferecido pela franqueadora. Para a franqueadora, além do já dito anteriormente, é a principal receita para manutenção da equipe que prestará todo o suporte para a rede. São os royalties que garantem que a franqueadora conseguirá manter uma equipe de profissionais qualificados para prestar o suporte necessário para o franqueado”, esclarece Danilo Pinheiro, consultor da Franquear Consultoria.
O consultor explica ainda que a franqueadora organiza seu fluxo de caixa baseando-se nessa receita que é, geralmente, cobrada com periodicidade mensal a partir do momento em que o candidato torna-se, de fato, franqueado da rede. Apesar do sistema mensal ser o mais praticado no franchising brasileiro, essa frequência não é uma regra: algumas redes podem optar, por exemplo, por fazer cobranças bimestrais.
Vale lembrar que os royalties não são a única taxa com cobranças periódicas em um sistema de franquias. Além desta, a franqueadora pode cobrar também uma taxa periódica (geralmente mensal) referente ao fundo de propaganda, que pode ou não ter a mesma base de cálculo dos royalties. Clique aqui para saber mais sobre as taxas pagas no franchising.
Quanto custa a taxa de royalties em franquias?
Assim como não é definida a frequência da cobrança de royalties pela Lei de Franquias, também não há especificações de valores. Na prática, o que vemos no mercado são taxas bastante diversas, sendo que cada franqueadora adota um tipo de sistema de cobrança.
O ideal é que as franqueadoras cheguem ao valor mais adequado avaliando o modelo da franquia e o retorno que espera ter para dar conta de cuidar de toda a estrutura de suporte aos franqueados. Além disso, os franqueados também devem avaliar esse valor com atenção, para entender com clareza como a taxa de royalties vai impactar a rentabilidade da unidade da franquia.
“Sempre que for analisar um negócio, nesse caso, uma franquia, o investidor deverá solicitar à franqueadora, um estudo financeiro com as projeções de receitas e despesas e adaptá-lo à realidade de sua região. É importante, caso o investidor não tenha esse conhecimento, contar com o auxílio de um profissional; por exemplo, um contador ou um consultor financeiro”, aconselha Danilo.
Ainda que a legislação não defina valores de taxas a serem cumpridas, a Lei de Franquias prevê que a franqueadora deve informar aos candidatos sobre todas as taxas a serem pagas na franquia, apontando os valores na Circular de Oferta da Franquia (COF). Assim, é possível (e crucial) fazer essa análise de royalties antes de tomar a decisão final pela franquia.
Danilo complementa: “a taxa de royalties deve ser considerada na análise das projeções financeiras para identificar se há algum impacto que impede a rentabilidade do negócio. Se a rentabilidade se mantém, o investidor deve considerá-la como um investimento que fará para poder explorar uma marca referência e ter todo o apoio no desenvolvimento do seu negócio”.
As formas mais comuns de cobrança de royalties são um valor fixo ou um percentual sobre o faturamento da unidade. Veja a seguir como funciona cada uma delas.
Royalties fixos
A taxa de royalties fixos é aquela que não muda, sendo a mesma em todos os meses, independente dos resultados do franqueado. Não há uma média exata para este valor, que pode tanto ser de 100 reais mensais quanto de 2 mil reais mensais – tudo vai depender da franqueadora e do modelo da franquia.
“Para o franqueado, a vantagem deste formato é ter os royalties como uma conta fixa, pois mesmo que seu faturamento cresça, o valor a ser pago permanece o mesmo. Já as desvantagens serão em situações onde seu faturamento estiver baixo, visto que o valor dos royalties permanecerá o mesmo”, aponta Danilo.
Mas, não é só o investidor que deve analisar com cautela o sistema de cobrança de royalties da franquia. Danilo explica que a franqueadora também tem que pesar vantagens e desvantagens dos sistemas de cobrança desta taxa.
Nesse aspecto, os royalties fixos, segundo Danilo, contribuem para evitar a sonegação do valor, além de deixarem a marca mais atrativa no momento de comercialização das franquias. “Já como desvantagem ela tem a restrição de sua receita, pois a única forma de aumentar seu faturamento é abrir mais unidades franqueadas, porém, em algum momento, a rede chegará na saturação e a receita da franqueadora ficará estagnada”, avalia o especialista.
Royalties percentuais
Quando temos royalties percentuais, falamos, geralmente, de uma taxa cobrada sobre o faturamento bruto da unidade de franquia. Ou seja, nessa forma de cobrança, o valor é alterado mês a mês, conforme o desempenho do franqueado.
Vamos pegar como exemplo uma franquia que tem taxa de royalties de 5% sobre o faturamento bruto. Se uma unidade franqueada desta marca faturar 80 mil reais no mês, a taxa de royalties será de 4 mil reais. Se, no mês seguinte, o faturamento cair para 50 mil reais, a taxa de royalties cobrada será de 2,5 mil reais. Em um cenário em que o faturamento aumente para 100 mil reais, a taxa de royalties também cresce, sendo de 5 mil reais.
Em resumo, quanto menor o faturamento da unidade franqueada, mais baixo será o valor dos royalties. Da mesma forma, se o faturamento cresce, o valor da taxa de royalties também sobe.
“Uma desvantagem, na visão do franqueado, é ter uma conta que varia acompanhando seu faturamento. Então, naturalmente, com um faturamento alto, o valor de royalties será alto. Porém, se o plano financeiro foi realizado corretamente, esse aumento de royalties não prejudica a rentabilidade do negócio. Por outro lado a vantagem é ter uma franqueadora mais estruturada, com capital para manter um suporte de ponta no auxílio do desenvolvimento da sua unidade e de toda a rede”, aponta Danilo.
Já na perspectiva da franqueadora, os royalties percentuais são positivos para o crescimento da rede, que consegue ampliar as receitas conforme suas unidades se desenvolvem e aumentam o faturamento. “Como desvantagem temos um risco de sonegação maior e, caso a rede não tenha o faturamento ideal por unidade, a receita pode ficar prejudicada até que isso se regularize”, acrescenta Danilo.
Os royalties variáveis (não fixos) podem ser cobrados ainda com outras bases de cálculo, além do valor do faturamento, como sobre compras, vendas ou receita líquida. Essa taxa ainda pode seguir um padrão específico do modelo de negócio ou do segmento da franquia em questão – em franquias de educação, por exemplo, um modelo de taxa de royalties praticado é o que prevê um valor fixo para cada computador com sistema de ensino.
Franquias que não cobram royalties
É possível investir em franquias sem ter que pagar royalties? Se você chegou até aqui com essa pergunta em mente, temos boas notícias: é possível encontrar redes de franquias que não cobram royalties de seus franqueados, adotando outros sistemas de remuneração.
“Na verdade o que acontece em alguns casos são formatos diferentes de cobrança de royalties que permitem que a franqueadora utilize esse apelo de não cobrança de royalties – por exemplo, royalties embutidos em alguma outra despesa ou custo do franqueado, como algum insumo necessário para a operação da franquia ou alguma embalagem. Quando a franqueadora faz o fornecimento, seja ela a fabricante de tal item ou apenas distribuidora, a taxa de royalties pode ser calculada para fazer parte da composição de custo desse item”, explica Danilo.
Mesmo que a taxa de royalties zero seja bastante atrativa, é imprescindível que o candidato a franqueado estude com atenção o modelo de negócio e compreenda como está estruturada a franqueadora. Afinal, mesmo que a rede opte por não cobrar royalties, isso não deve eliminar a transmissão de know how e o suporte prestado ao franqueado.
Outra prática presente no franchising é o de franqueadoras que têm isenção de royalties durante um período inicial, visando atrair investidores e dando um tempo para o franqueado se estabilize no negócio antes de iniciar a cobrança da taxa.
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