O mercado de franquias brasileiro é um dos poucos mercados que continuam a crescer em nosso país, mesmo em períodos de crise. Nos últimos dois anos, que foram de queda vertiginosa de todos os índices econômicos, a Associação Brasileira de Franchising (ABF) divulgou números atraentes e de crescimento.
Não é para menos: com o número de profissionais demitidos no período, muitos encontraram no empreendedorismo uma forma de gerar renda antes que os recursos da rescisão e as economias de uma vida toda se esvaíssem em poucos meses, o que estimulou o setor.
Outro fator bastante importante nessa confiança do mercado é que ao entrar em uma rede de franquias, entende-se que o empreendedor já sai com muito mais estrutura e apoio do que se começasse uma operação do zero. Certo? Na teoria, sim.
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O modelo de franchising pressupõe o que gosto de chamar de “entregas da franqueadora” – uma série de “itens” que devem ser entregues ao franqueado, em diferentes momentos, que justificam as taxas pagas nesse sistema. De forma simples e resumida, além do custo de instalação, o franqueado desembolsa a taxa de franquia quando entra no negócio e paga continuamente as taxas de royalties e publicidade.
Esses custos, iniciais e contínuos, devem ser justificados não apenas pelo direto de uso de marca e exploração do modelo de negócio, mas também por serviços de suporte que devem ser prestados ao franqueado. E é aí que entra a prática que, nem sempre e infelizmente, muitas vezes, acontece bem diferente da teoria.
Se você está pensando em investir nesse mercado e se tornar um franqueado, te dou cinco dicas essenciais para não cair em armadilhas na hora de comprar uma franquia:
Tenha clareza do quanto pode investir
É imprescindível que você tenha clareza do quando pode investir nesse negócio, lembrando que como todo investimento, há riscos e sim, o negócio pode não prosperar e você perder todos os recursos investidos.
Lembre-se que nenhuma franqueadora vende a promessa de um negócio que vai dar certo, e sim o direito de explorar (sob regras específicas) uma marca e uma operação (modelo de negócio) que já deu certo em outros lugares. Se alguém te prometer certeza de sucesso, fique atento pois isso já demonstra uma conduta inadequada por parte da empresa.
Avalie o modelo de negócio e peça um DRE
Ciente do quanto pode investir, analise com cuidado o modelo de negócio que lhe for apresentado, e considere não apenas os custos iniciais de investimento, mas também capital de giro para pelo menos seis meses de operação, provisões e reserva de emergência.
Solicite sempre um DRE – Demonstrativo de Resultados do Exercício para entender de forma detalhada todas as linhas de custos da operação, e use esta ferramenta como simulador financeiro – preencha-o com 12 meses operação, simulando sazonalidade de venda e variações de custos.
Pesquise a concorrência e compare
Peça informações em marcas concorrentes, participe de todos os processos seletivos e tenha informações que te permitam avaliar o modelo em questão em relação a outras operações do mercado.
Entenda o que é o “suporte”
Dez em dez marcas vão te falar que fornecem “suporte ao franqueado”, que é a prestação de serviços contínua que justificará seus pagamentos mensais de royalties. Faça com que te expliquem detalhadamente, e de forma prática, o que é esse “suporte”, que pode variar de acordo com o que cada rede considera necessário e tem estrutura para oferecer.
Considero como entregas obrigatórias e indispensáveis para qualquer franqueadora estruturada:
- Estudo geodemográfico que justifique os critérios de expansão e auxilie na escolha e validação do ponto comercial;
- Estrutura de atendimento administrativo para suporte imediato na resolução de problemas e dúvidas;
- Treinamentos presenciais e a distância;
- Manuais;
- Consultoria de campo;
- Desenvolvimento de novos produtos e serviços;
- Gestão transparente do FPP – Fundo de Publicidade e Propaganda;
- Convenções anuais.
Muitas outras entregas podem existir. O importante é que elas não sejam explicadas de forma subjetiva e possam gerar expectativas erradas.
Não ceda à pressão e não feche negócio em feiras
Use as feiras de franquia como oportunidade para conhecer várias marcas, operações e pessoas, mas não para fechar negócios. Lembre-se que ali estão muitos profissionais da área comercial que precisam bater suas metas de venda, e que vão te pressionar com argumentos tentadores: condições especiais, pouca disponibilidade de praças, entre outros. Mas você não está comprando uma camiseta nova, que em caso de arrependimento pode ser trocada com facilidade. Colha informações, converse, preencha fichas para entrar nos processos seletivos, mas não feche negócios de forma prematura.
Jamais assine termos de compromisso, fichas de pré-venda, pré-contrato ou qualquer coisa do tipo. A feira é um momento muito bom para iniciar negociações, jamais para conclui-las, visto que existem uma série de documentos obrigatórios que precisam ser entregues e avaliados com cuidado para que você possa se tornar um franqueado. Mas sobre isso, falarei mais em um próximo artigo.